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Nº 5797
Opinião

CI�O ARAPIRACA

Quem não o conheceu? Esforçado. Menino pobre veio do interior. Várias coisas, inúmeras, podíamos falar a seu respeito. Vou somente lembrar algumas de minha convivência. Magro e meio amarelinho, aquele jovem circulava com sua bicicleta por Maceió ensinand

Por | Edição do dia 03/12/2013 - Matéria atualizada em 03/12/2013 às 00h00

Quem não o conheceu? Esforçado. Menino pobre veio do interior. Várias coisas, inúmeras, podíamos falar a seu respeito. Vou somente lembrar algumas de minha convivência. Magro e meio amarelinho, aquele jovem circulava com sua bicicleta por Maceió ensinando, eu soube. Já o conheci andando no seu Austin verde, eu creio de placa 24. Era uma gozação, e ele nem aí. Era um carro inglês, já antigo e bom. Com ele, o jovem universitário de medicina circulava ensinando em diversos colégios. Sais, ácidos e bases, o início da Química, eu e muitos outros aprendemos com ele. Professor só? Não, um colega, um amigo. Desprendido solícito, camarada, divertido, apressado, era ele o Ciço Arapiraca. Bom sujeito que mais tarde, com muita luta, conseguiu merecidamente seu lugar de destaque na medicina e na sociedade. Era agora o dr. Cícero Canuto, um nome, uma referência, mas continuava o mesmo bom Ciço Arapiraca. Que bom que o conheci e com ele convivi em duas ocasiões, como aluno e como concunhado. Desta vez, então, o vi de perto com seus sonhos, suas lutas. Poderia ter sido também um bom engenheiro como seus amigos Disnaldo e Lourival, pois talento não lhe faltava. Construiu bons imóveis, e até de um fato me recordo com admiração e, sobretudo, com saudade. Gostava de viajar como ninguém. Encontrou em Mirian, sua companheira, amiga e verdadeiro amor, a sua metade. Foi por assim dizer o Le com o Cre. Ainda não tinha começado sua empresa de turismo, mas já pernava e rodava por este país. Lembro de uma ocasião, lá na casa da nossa saudosa sogra dona Carmen, quando ele foi me mostrar com orgulho, um invento seu. Era uma peça, que embaixo do capô do seu Opala amarelo, travava os movimentos da alavanca de marcha, impedindo que o ladrão levasse seu precioso bólido. Tudo muito simples e eficiente, como ele próprio. Produtor bom também, fez Sergio e Ricardo duas joias. Depois de anos, já não sendo mais concunhados, foi pediatra de meus filhos Hugo e Ivo e nunca me cobrou uma prata. Passando a mão pelo nariz (este era seu tique), estava sempre alegre e solícito. Nunca o orgulho ou a soberba lhe subiram à cabeça. Distribuiu simpatia por este mundo afora por onde andou, tenho certeza, e hoje, em paz, em outra dimensão, continuará com seu jeito simples sendo o nosso Ciço Arapiraca. Sempre gostei muito dele. Vou sentir saudades, e muitos também.

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