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Por | Edição do dia 28/11/2002 - Matéria atualizada em 28/11/2002 às 00h00
WALMAR BUARQUE * Definitivamente estamos chegando à conclusão de que os investimentos oficiais são destinados à manutenção da situação de miserabilidade de nossas crianças e adolescentes, pelo menos é isso que percebemos em nosso Estado. Se a situação do Instituto Catarse melhorou foi por mérito dos nossos técnicos e isso vem impulsionando nosso trabalho. Não podemos ignorar a importância da promoção Cidadão Nota 10, da Secretaria da Fazenda, e a incipiente ajuda do BNDES no Projeto Rua, que nos beneficiaram com recursos para ampliação, reforma e compra de bens. No momento, a situação é de distanciamento total das políticas públicas educacionais, visto que depois de uma experiência bem-sucedida do Projeto Bolsa-escola, no ano de 2000, o Estado não cumpriu o acertado em convênio, de integrar os alunos alfabetizados do Cesmac à rede pública. A experiência de dois anos com o Projeto Ex-cola deixou em todos os técnicos envolvidos no trabalho a vontade de seguir nesse caminho e investir na ampliação e efetivação da Ex-cola, que é um modelo pedagógico de educação para meninos e meninas de rua. Para que isso, efetivamente, seja concretizado estamos pedindo registro da nossa escola na Secretaria de Educação. Fizemos uma proposta de capacitação de profissionais da Secretaria para serem multiplicadores e prestarem serviços a outras entidades, infelizmente o interesse do município é o mesmo do Estado: nenhum. Assim, quanto mais ignorados, mais nos empolgamos com nosso projeto e enfrentamos de frente, sem medo, a efetivação de nosso sonho. Com um trabalho reconhecido pela sociedade, conselhos, juizados, Delegacia de Menores, MP, estamos aos poucos mudando um perfil de descaso do Estado e do município. Foi implantada pelo BNDES, infelizmente com a coordenação da prefeitura, a rede unificada de atendimento, que apesar do investimento não funciona. Já houve a implantação de três conselhos tutelares em Maceió, mas o atendimento é quase inexistente, pois os conselhos não dispõem de estrutura para funcionar. Já o Ministério Público deveria desvencilhar-se mais da proximidade com o poder público e atuar na cobrança das responsabilidades inerentes aos governantes, responsabilidades estas reivindicadas pela sociedade civil organizada, não aquela sociedade concentradora de renda, que discrimina e ignora a problemática dos meninos de rua, e sim aquela que está diante de um problema de segurança pública. (*) É COORDENADOR DO PROJETO CATARSE WWW.CATARSE.ORG.BR