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Nº 5821
Opinião

Coisas do cora��o

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * Nenhum outro órgão do corpo humano é mais citado na literatura, na poesia e na música popular do que o coração. Raro é o amor que ainda não tenha falado desse pequeno músculo de importância vital e principal peça do novo ap

Por | Edição do dia 28/11/2002 - Matéria atualizada em 28/11/2002 às 00h00

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * Nenhum outro órgão do corpo humano é mais citado na literatura, na poesia e na música popular do que o coração. Raro é o amor que ainda não tenha falado desse pequeno músculo de importância vital e principal peça do novo aparelho circulatório. Para o artista da música, sobretudo, ele exerce diferentes funções, possuiu várias formas, abriga uma infinidade de virtudes e de defeitos, reúne uma porção de objetos e, em muitos casos, é até tratado pejorativamente: “coração vagabundo” e “coração de papel”. A inspiração dos compositores não tem limites, quando a abordagem sobre o coração é feita n sentido romântico. No clássico “Carinhoso”, por exemplo, ele assume o lugar e a função dos olhos do poeta: “Meu coração, não sei porque, bate feliz quando te vê”. Na visão do compositor André Filho, no entanto, ele é uma “Cidade Maravilhosa”, ao dizer que o Rio de Janeiro é o “coração do meu Brasil”. Enquanto isso, para o cantor Dom, da dupla Dom e Ravel, autor da música “Eu te amo meu Brasil”, seu coração tem as cores da Bandeira Nacional” Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil”. Figuras de linguagem à parte, ao coração devem ser dispensados cuidados especiais, pois ele costuma surpreender e causar graves complicações à saúde, principalmente dos fumantes, dos hipertensos, dos sedentários e dos diabéticos, conforme garantem os especialistas. Há poucos dias do primeiro turno da últimas eleições, meu irmão, Geraldo, de 51 anos, foi acometido por um enfarte agudo do miocárdio e estava se submetendo a tratamento pré-operatório, com a recomendação médica de evitar esforços físicos durante aquele período. Mesmo assim, no dia 6 de outubro, depois de ter votado, sofreu outro ataque cardíaco que passou à realização de cirurgia para a colocação de pontes de safena e mamária. Na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, ainda no leito do hospital, convalescendo, o mano perguntou aos médicos se estaria liberado no domingo, para ir votar. Diante das ponderações que impediram a sua ida à seção eleitoral para cumprir o dever cívico, ele apenas acompanhou pela TV a vitória do seu candidato. Embora satisfeito com o resultado, notou-se nele um ar de frustração, porque o seu desejo era o de ter participando efetivamente das duas fases do processo histórico, no qual predominou a emoção, que desta vez superou o medo e o preconceito, permitindo uma mudança que indica um bom caminho para o Brasil. Certamente, o envolvimento emocional e a vontade de mudar, manifestados por meu irmão, nas últimas eleições, quase lhe custaram a vida. Mas, felizmente, neste momento, ele já pode cantar: “Bate outra vez/ com esperanças o meu coração”. Afinal, o coração é um repositório de esperanças e de emoções, sentimentos que aguçam a inspiração dos artistas, provocam enfarte e, também, ajudam a despertar a consciência política do povo. (*) É ADVOGADO

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