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Nº 5821
Opinião

Mudou o ter�o?

DOM EDVALDO G. AMARAL q Notemos, de início, que só os povos de expressão portuguesa usam a palavra “terço” para designar o objeto tradicional da piedade cristã, utilizado para rezar as ave-marias do Rosário. O italiano e o espanhol usam “corona” ou

Por | Edição do dia 29/11/2002 - Matéria atualizada em 29/11/2002 às 00h00

DOM EDVALDO G. AMARAL q Notemos, de início, que só os povos de expressão portuguesa usam a palavra “terço” para designar o objeto tradicional da piedade cristã, utilizado para rezar as ave-marias do Rosário. O italiano e o espanhol usam “corona” ou simplesmente “rosário”. O francês diz “chapelet”, o inglês “chaplet” e o alemão Rosenkranz (= coroa de rosas, rosário). É claro que, ainda por muito tempo, nosso povo chamará de “terço” o que, hoje, é a quarta parte do Rosário de Nossa Senhora, sem haver com isso qualquer problema de ordem teológica, nem de piedade cristã. A coroa do Rosário, diz o papa, como instrumento de contagem do Rosário tem também um significado mais profundo quando assinala o avançar da oração, evoca o caminho incessante da contemplação e da perfeição cristã. A coroa evoca, afinal, a nossa relação recíproca, o vínculo de comunhão e fraternidade que nos une a todos em Cristo. Mas, qual foi a grande invocação, que o papa João Paulo II introduziu no Rosário, após tantos séculos em que ele era rezado com 15 mistérios? Para reforçar o caráter cristológico, tantas vezes acentuado na  Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariae” de 16/10/2002, o papa introduziu uma corajosa inovação.  Há muitos anos se falava de cobrir o grande vazio nos mistérios do Rosário, que saltavam da adolescência de Jesus (o episódio dos 12 anos de sua perda no Templo) à sua Paixão, sem nenhuma referência à vida pública e ao anúncio do Reino, omitindo, por exemplo, sua pregação e a última Ceia. Para que o Rosário melhor se  possa considerar compêndio do Evangelho, diz João Paulo II, é conveniente que, depois de recordar a encarnação e a vida oculta de  Jesus (mistérios gozosos) e antes de meditar os sofrimentos da Paixão (mistérios dolorosos) e o triunfo da ressurreição (mistérios gloriosos), a meditação se concentre nos mistérios que o papa chama de luminosos, justificando assim: É nos anos da vida pública,  que o mistério de Cristo se mostra  de forma especial como mistério  de luz: “Enquanto estou no mundo. Eu sou a luz do mundo”(Jo 9,5). “Querendo indicar à comunidade cristã, diz o papa, cinco momentos significativos – mistérios luminosos – da vida pública de Jesus, considero que se podem  justamente indicar: 1º - O Batismo  no Rio Jordão 2º - As bodas de Canã e a auto-revelação de Jesus – 3º  - O Anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão 4º - A Transfiguração no alto do monte. 5º - A Instituição da Eucaristia”: E agora, como se distribui nos dias da semana os vinte mistérios do Rosário? O Rosário, diz o papa, pode ser rezado integralmente todos os dias, não faltando que louvavelmente o faça. (E aqui, pensamos em nossos romeiros do Padre Cícero, que rezam todos os dias o Rosário completo). Mas sem pretender, continua João Paulo, limitar a liberdade de opção na manifestação pessoal e comunitária, segundo as exigências espirituais de cada um, pode-se propor o seguinte: segunda-feira: mistérios gozosos; terça-feira: mistérios dolorosos; quarta-feira: mistérios gloriosos; quinta-feira: mistérios luminosos; sexta-feira: mistérios dolorosos; sábado: mistérios gozosos; domingo: mistérios gloriosos. Permanece inteira liberdade ao cristão e às comunidades para a distribuição das quatro séries de mistérios nos dias da semana. Contudo, é bom ter sempre em conta a proposta do Santo Padre em sua Carta Apostólica, que recomenda que o sábado como dia de intenso caráter mariológico fique com os mistérios gozosos, porque é na meditação destes mistérios que está mais acentuada a presença de Maria. Os mistérios luminosos recordam-nos que Cristo é a luz do mundo e todo o mistério de Cristo é luz. Essa luz emerge, sobretudo, nos anos da vida pública, quando Ele anuncia a Boa Nova do Evangelho, realiza prodígios, cura os doentes e institui a Eucaristia, o sacramento de seu amor. Os cinco escolhidos pareceram ser os mais significativos. (q) É ARCEBISPO EMÉRITO DE MACEIÓ

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