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JOSÉ SEBASTIÃO BASTOS * Com esta saudação parece que me dirijo a uma pessoa viva, a um componente da sociedade terrestre. O Teatro Deodoro não é um vivo consciente, como podemos concluir, mas por ser uma espécie de testemunha muda, vem-nos à imaginação o dia em que foi inaugurado, com sua arquitetura em estilo neoclássico, pleno de festa, altas autoridades presentes e a sociedade em geral, sendo o seu prédio considerado um dos mais belos do País. Com sua inauguração, em 15 de novembro de 1910, no governo Euclides Malta, após cinco anos de construção, cuja planta foi de autoria do famoso arquiteto Luís Lucariny, o Teatro Deodoro, chegando aos seus 92 anos de existência, tornou-se o centro obrigatório da cidade; em seu palco, ocorreram e vêm convergindo movimentos artísticos, culturais filantrópicos e mesmo políticos do Estado de Alagoas. No velho e sempre novo Teatro Deodoro, por meio de seu imponente palco, exibiram-se milhares de famosos artistas brasileiros e internacionais, lembrando, dentre outros, nomes como Itália Fausto, Lucila Peres, Leopoldo Froes, Clara Weiss, Procópio Ferreira, Dulcina e Odilon, Bidu Sayão, Carmem Miranda, Mesquitinha, além de companhias de ópera e operetas, dramáticas, de comédia e de revista, orquestras sinfônicas e filarmônicas; famosos declamadores e bailarinos; pelo seu salão de espetáculos passaram figuras ilustres deste País, fazendo conferências, realizando palestras e pronunciando empolgantes discursos, tais como: Nilo Peçanha, Demócrito Gracindo, Hermes da Fonseca, Washington Luís e Júlio Dantas. Registre-se igualmente o trabalho incansável, à época, da saudosa Dona Leda Collor de Mello, que se constituiu num fator de superação de dificuldades para a vinda a Maceió de vários espetáculos, inclusive óperas e operetas, de bailarinos internacionais, conseguindo Bolsa de Estudos para a sempre lembrada e talentosa atriz Eunice Pontes, criando, ainda, em nosso Estado, a Sociedade de Cultura Artística. Daqui a oito anos o Teatro Deodoro estará a festejar o seu centenário e há fatos curiosos no seu passado, como o seguinte: o seu custo foi de cinco contos de réis; quatro anos após sua inauguração, isto é, em 1914, o teatro foi arrendado a uma firma comercial e transformado em cinema, causando uma forte reação e veemente protesto da intelectualidade alagoana, através da imprensa, grito que fez voltar suas finalidades artísticas e culturais. Entre os anos de 1942 e 1943, a nossa casa de espetáculos esteve vinculada à municipalidade, nova tentativa de arrendamento, sem lograr êxito, tendo em vista a reação vigorosa do saudoso José Antônio, proprietário do jornal A Notícia. Durante seus 92 anos, o Teatro Deodoro sofreu seis reformas, contando restaurações e consertos. Em 1933, na Interventoria Jugurtha Couto; no ano de 1942, quando prefeito o sr. Abdon Arroxelas; na Interventoria Guedes de Miranda, em 1946; em 1957, no governo Muniz Falcão; em 1975, no governo Afrânio Lages e, ultimamente, nos governos Geraldo Bulhões, Suruagy e Manoel Gomes de Barros, foi por este reinaugurado em 24 de julho de 1998, após oito anos sem funcionar. Desde agosto de 1978 foi criada a Fundação Teatro Deodoro – Funted, entidade que se constitui de pessoa jurídica por liberalidade privada, ou pelo Estado, para fim de utilidade pública ou de beneficência, com todos os requisitos necessários, como patrimônio, ato constitutivo, estatuto e administração. (*) É JORNALISTA E VICE-PRESIDENTE DA CBF

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