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Nos últimos meses, quem acompanhou o noticiário da grande imprensa, amplificado pelas redes sociais, a respeito dos preparativos para a Copa do Mundo, tinha motivos suficientes para temer que o País fosse protagonizar um vexame sem tamanho. Falava-se em e
Por | Edição do dia 19/06/2014 - Matéria atualizada em 19/06/2014 às 00h00
Nos últimos meses, quem acompanhou o noticiário da grande imprensa, amplificado pelas redes sociais, a respeito dos preparativos para a Copa do Mundo, tinha motivos suficientes para temer que o País fosse protagonizar um vexame sem tamanho. Falava-se em estádios inacabados, caos aéreo, problemas de mobilidade e grandes manifestações que poderiam inviabilizar a realização dos jogos. Transcorrida a primeira semana da Copa, entretanto, as previsões sombrias se mostraram infundadas. Ainda que a imprensa brasileira às vezes insista em supervalorizar pontos negativos na organização da competição, a mídia internacional tem feito um balanço muito positivo. O jornal The New York Times, por exemplo, afirmou que, apesar dos problemas, todas as previsões catastróficas viraram soluços. Que há falhas na organização não se pode negar. Alguns estádios têm problemas, como falta de comida, longas filas perto do início dos jogos e locomoção complicada. Entretanto, pode-se dizer que muitos problemas são comuns em eventos desse porte em qualquer parte do mundo. Além disso, nem mesmo aquilo que não está funcionando a contento consegue atrapalhar o andamento dos jogos e a festa que está sendo feita nas arquibancadas. Os milhares de torcedores estrangeiros que vieram ao Brasil para o Mundial se dizem encantados com o País e com a hospitalidade característica do brasileiro. O que houve, na verdade, foi uma tentativa de politizar a questão. Os que torceram contra a Copa no fundo queriam depositar na conta de Dilma toda a culpa pelo virtual fracasso, esquecendo-se que houve compromissos não cumpridos também por parte de governo estaduais e municipais. Não deixa de ser emblemático o caso do ex-jogador Ronaldo, membro do Comitê Organizador. A poucas semanas da Copa, ele se declarou envergonhado com os problemas de organização do Mundial, para logo depois anunciar seu apoio ao candidato tucano à Presidência da República. Vê-se agora que quem tentou politizar a Copa se deu mal. É o que se costuma chamar de tiro no pé. A Copa é um sucesso, a ponto de o próprio Ronaldo admitir que não tem ouvido muitas reclamações.Vibrar com a Copa não significa fechar os olhos para os problemas brasileiros, mas apostar que tudo vai dar errado só reforça aquele complexo de vira-latas cunhado por Nelson Rodrigues.