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Sexo na adolesc�ncia

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MILTON HÊNIO * Durante as festas de fim de ano ouvi de dois jovens adolescentes uma conversa divertidíssima para eles, e para mim, com meus 65 anos, preocupante: a banalização do sexo nos dias atuais, principalmente pela juventude. Um dos jovens comentava com o outro que tinha “ficado” com várias garotas de nossa sociedade durante o mês de dezembro e citando os colégios onde as mesmas estudavam. Que durante o Maceió Fest tinha apostado que daria mais de 30 beijos em meninas diferentes em apenas uma noite. E ganhou a aposta. Pedi permissão aos simpáticos jovens e me intrometi na conversa e eles me falaram que isso é uma rotina atualmente. Confesso que fiquei chocado com esse modernismo que eu sabia existir, mas não de forma tão normal. Veio, então a minha lembrança uma frase de Nelson Rodrigues, um dos maiores autores do teatro brasileiro contemporâneo, quando dizia: “Acredito que a maior tragédia do homem tenha ocorrido quando se separou o amor do sexo”. As pessoas se esquecem de construir um relacionamento antes de trazer o sexo a ele. Como médico vejo as conseqüências desse comportamento errado: o número crescente e assustador dos infectados pela Aids e de adolescentes que engravidam. Essa atitude de vida da juventude é realmente preocupante, porque eles podem estar perdendo a razão e os próprios valores. As revistas e a televisão estimulam esse comportamento. E o que vemos? Incontáveis jovens deprimidos, angustiados, que passam a enfrentar os problemas que surgem – ser pai ou mãe sem estar no programa, ou adquirir doenças que vão lhes causar tormentos. A palavra adolescência vem do latim adolescere, que significa crescer, padecer. Na adolescência são produzidas importantes mudanças corporais, mas a sua característica principal é a integração da identidade pessoal e a inserção como pessoa de forma ativa na sociedade. Implica um período de mudanças considerado por muitos pedagogos e psicólogos, como de conflitos ou de crise. Ana Freud dedicou grande parte de sua obra à problemática do adolescente, ressaltando que é uma fase vivida entre os opostos: otimismo e pessimismo, isolamento e exposição, submissão e rebeldia e intenso hedonismo (a busca do prazer). Qual o papel dos pais? Penso que seja indispensável um diálogo de coração aberto, mostrando aos filhos que vivem essa fase, qual o sentido da mesma, o valor do seu comportamento e a sua postura diante da vida. Diz a orientação do Ministério da Saúde: “Faça sexo seguro, evite a Aids, use a camisinha”. Do ponto de vista médico a campanha pretende alcançar seus objetivos, porém do ponto de vista psicológico, inegavelmente, estimula a busca do prazer, numa fase da vida em que a criatura humana, que é o jovem, apresentauma instabilidade emocional muito grande. A situação é complicada, de difícil solução no mundo moderno em que vivemos. A coisa mais importante, sem a qual não se chegará a bom termo, é que você, pai e mãe, saiba entrar na realidade de seus filhos adolescentes, identificando-se com eles, com seus problemas, com suas expectativas e seus sonhos. E depois esperem. Vocês não podem é soltá-los, sem vigiá-los a distância. O amor dos pais deve significar para eles sempre a segurança e o apoio contínuo. Segundo os psicólogos, essa atitude de um viver desorganizado em relação ao sexo como mercadoria, sem nenhum afeto, é motivada por leviandade ou porque estão inseridos em um contesto onde tudo é permitido e, como última hipótese, como protesto contra um difícil relacionamento vivido em casa. Vamos esperar que essa juventude tão maravilhosa, que gosta da paz, da solidariedade e do amor ao próximo, saiba controlar seus instintos, evitando que sua vida se transforme em momentos complicados. (*) É MÉDICO

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