Opinião
Amigos da Venezuela

No campo diplomático, o governo brasileiro vem tomando um rumo diferente do adotado durante o governo FHC. Desde quando foi escolhida a nova cúpula do Itamaraty, foi afirmado que a política externa tupiniquim teria, a partir de agora, um cunho mais afirmativo da liderança brasileira na região. A liderança natural do Brasil tem sido reconhecida até pela diplomacia argentina, sempre arredia a admitir este papel ao vizinho brasileiro. Durante os oito anos de mandato de FHC, a política externa brasileira foi de uma pulsilanimidade sem precedentes na história do Itamaraty. Enquanto fazia discursos eloqüentes questionando a hegemonia americana, FHC dobrava a espinha e se alinhava nos fóruns internacionais, na maioria das vezes, exatamente com essas posições hegemônicas. A nova política externa brasileira parece indicar um novo rumo para o país nas tratativas internacionais: ao invés de subserviência, soberania; ao invés da omissão, a participação ativa nas questões internacionais que necessitam contar com nossa contribuição. As mudanças têm encontrado resistências entre diplomatas saudosos de uma política externa de avestruz, adotada pelo antigo governo, que não ousava manifestar uma opinião que pudesse desagradar aos interesses americanos na região. Nos últimos 12 meses, o governo (eleito democraticamente) da Venezuela está sob cerrado bombardeio dos que não aceitam perder os privilégios - uma parcela da elite empresarial e dos trabalhadores do petróleo. A posição do governo brasileiro de apoio à manutenção do processo democrático naquele país surpreende aos saudosos do imobilismo e do servilismo às posições americanas, que acusam nossa diplomacia de arriscada e temerária. A constituição do grupo de países amigos da Venezuela pode ser entendido como uma vitória da diplomacia brasileira. É o desenvolvimento de mais uma etapa da luta entre os países que defendem uma solução golpista para a crise venezuelana e aqueles que defendem a continuidade do processo democrático naquele país, como o Brasil.