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Nº 5759
Opinião

O imp�rio virtuoso

Não é preciso mergulhar em estudos acadêmicos profundos, nem passar 11 meses sem dormir, como o personagem de Gabriel Garcia Márquez em “Crônica de Uma Morte Anunciada”, para se entender que vivemos uma época caracterizada por duas vertentes geopolíticas

Por | Edição do dia 22/05/2015 - Matéria atualizada em 22/05/2015 às 00h00

Não é preciso mergulhar em estudos acadêmicos profundos, nem passar 11 meses sem dormir, como o personagem de Gabriel Garcia Márquez em “Crônica de Uma Morte Anunciada”, para se entender que vivemos uma época caracterizada por duas vertentes geopolíticas centrais: o caos em abundância e grandes transformações em curso. Nessas duas tendências, encontra-se a presença indeclinável dos Estados Unidos da América. E não poderia ser de outra maneira, porque por mais de 200 anos os EUA esculpiram, minuciosamente, o exercício de potência imperialista. Em 1813, o ex-presidente John Adams dizia a Thomas Jefferson: “nossa república federativa pura, virtuosa, dotada de espírito público perdurará para sempre, governará o globo, introduzirá a perfeição do homem”. Daí, foi um pulo para reclamar “o direito ao destino manifesto de cobrir e possuir o continente por inteiro, direito que a providência nos deu para o grande experimento... uma terra vigorosa recém-saída das mãos de Deus”. Com esse messianismo, megalomania, vicejou o espírito empreendedor do capitalismo norte-americano, a natureza expansionista imperialista livre de qualquer pudor ou culpa porque “abençoada pelos planos de Deus aos homens na terra”. E, não por acaso, em seguida, anexou a metade do território do México. As ambições estenderam-se pela América Latina, Caribe, avançaram por todo o planeta, como mostra a História e os tempos atuais de Barack Obama, quando as guerras de Quarta Geração adicionaram a Batalha Cibernética Digital junto à força militar, cultural e midiática. A égide capitalista neoliberal, do parasitismo financeiro, gestou uma situação paradoxal. De um lado assinalou a hegemonia unipolar imperial norte-americana, das finanças globais, o “Admirável Mundo Novo” da sociedade do mercado “que dispensa as utopias”. Época de caos, violência, “o tempo do nojo”, guerras regionais, sociedades pantanosas, desemprego, imensas vagas migratórias errantes, tais como fantasmas vivos, por terra, ar e mar. De outro lado, surge nova realidade geopolítica multipolar que já se faz irreversível com os BRICS, a gigantesca economia da China, o repúdio à hegemonia feroz e a decaída. Mas a essa emergência devem somar-se os grandes valores universais tão caros aos povos; e a luta pelas utopias realizáveis por um mundo melhor.

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