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Nº 5759
Opinião

As drogas e a sa�de p�blica

Técnicos do Ministério da Saúde estiveram na Câmara Federal no mês passado para dar uma boa notícia: o número de fumantes no Brasil caiu de 15,6% para 10,8% no período compreendido entre 2006 e 2014. Mais uma vitória, já que a tendência de queda é verific

Por | Edição do dia 11/06/2015 - Matéria atualizada em 11/06/2015 às 00h00

Técnicos do Ministério da Saúde estiveram na Câmara Federal no mês passado para dar uma boa notícia: o número de fumantes no Brasil caiu de 15,6% para 10,8% no período compreendido entre 2006 e 2014. Mais uma vitória, já que a tendência de queda é verificada desde o final dos anos 80. De 1989 a 2003 houve uma redução de 35%, o que resultou em ganhos para a saúde. O fumo é responsável por 90% dos tumores pulmonares, 75% das bronquites crônicas e 25% das doenças isquêmicas do coração. Mas quando fumar deixou de ser legal, bacana? Provavelmente, quando o jovem deixou de ser bombardeado por propagandas que associavam o hábito de fumar ao êxito pessoal ou profissional (lembram o slogan “Hollywood, o sucesso”?). O Estado acordou e paulatinamente um cerco iniciou-se ao tabaco, com restrições publicitárias. Ao mesmo tempo, campanhas que alardeavam os males que o fumo produz foram desenvolvidas e um processo de conscientização invadiu a sociedade brasileira. As pessoas foram educadas e aprenderam que fumar faz mal – o governo também ajudou elevando preço dos maços de cigarro, diga-se. No final da década de 80 e início da década de 90 do século passado, a mobilização de movimentos sociais representantes de diversos segmentos levou o Estado a desenvolver uma agenda de políticas públicas e, consequentemente, de campanhas de conscientização contra a AIDS, impedindo que a doença se tornasse uma epidemia. Hoje é inegável que uso do preservativo permanece no inconsciente coletivo. A conclusão disso tudo pode parecer simplória, mas é sábia: educação é a saída. Por que, então, não agirmos da mesma maneira no tocante às drogas, principalmente ao crack? Por que não nos engajarmos numa campanha convincente de que o vício destrói usuários e os que o cercam? A imagem do viciado de crack babando e rolando na lama representa uma parcela das vítimas: muita gente que usa a droga como recreação está nas classes privilegiadas. São jovens que não se veem nos comerciais alarmistas, riem dos estereótipos e seguem arruinando a vida. A violência que a TV mostra na periferia está arraigada também nos condomínios e nos edifícios de luxo. Há ainda gente que fuma, sim; gente que faz sexo sem preservativo, sim, mas graças às campanhas educativas, muitas vidas foram salvas porque na hora “agᔠo cigarro foi jogado fora e a camisinha desembrulhada. O Estado precisa encarar as drogas como ameaça à saúde pública e engajar toda a sociedade no combate.

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