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Nº 5759
Opinião

Envelhecer com dignidade

Segundo dados do Disque 100, serviço de recebimento de denúncias contra violações de direitos humanos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2014, houve 27.178 comunicações de abusos contra a pessoa idosa. As mais recorrentes s

Por | Edição do dia 16/06/2015 - Matéria atualizada em 16/06/2015 às 00h00

Segundo dados do Disque 100, serviço de recebimento de denúncias contra violações de direitos humanos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2014, houve 27.178 comunicações de abusos contra a pessoa idosa. As mais recorrentes são de negligência, 20.741 denúncias (76,32%); violência psicológica, 14.788 (54,41%); abuso financeiro e econômico, 10.523 (38,72%); violência física, 7.417 (27,29%); e violência sexual, 201 (0,74%). Entre as formas de violência menos denunciadas estão a institucional, a discriminação e outras violações ligadas a direitos humanos, trabalho escravo e torturas. O levantamento mostra ainda que 76,48% das violações denunciadas são cometidas na casa das vítimas e, em 51,55% dos casos denunciados, os próprios filhos são suspeitos das agressões. São Paulo lidera o volume de denúncias, 5.442 (20,02%), mas o Distrito Federal tem o maior número de denúncias per capita: 354,73 por 100 mil habitantes. O fato é que o Brasil não se preparou para o envelhecimento de sua população e não tem estruturas adequadas para garantir dignidade e autonomia aos idosos. Um dos reflexos da falta de condições adequadas de moradia e de sobrevivência são os episódios de agressão aos mais velhos. Não que faltem políticas para garantir o bem-estar do idoso. Temos, por exemplo, o Estatuto do Idoso, de 1994. O problema é que muitas medidas previstas na lei não foram colocadas em prática pelos governos municipais, estaduais e federal. Resumo da ópera: no Brasil, o arcabouço legal é avançado, mas o País envelheceu sem estar preparado. Em uma sociedade que encara o envelhecimento como algo pejorativo, fica difícil imaginar que dentro de alguns anos ocorrerá a total inversão da pirâmide etária, em que os idosos serão maioria. E o desafio de cuidar dos idosos não pode ser visto como atribuição somente do estado, mas de toda a sociedade civil, por isso é preciso que todos tomem consciência desse processo. Além da mudança cultural em relação ao tratamento destinado à terceira idade, ainda é necessária a efetivação das políticas públicas que contemplem essa faixa etária, integrando-as à sociedade, evitando o abandono e garantindo o mínimo de autonomia para os mais velhos. Contudo, as mudanças devem começar em casa.

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