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Nº 5759
Opinião

Um crist�o aut�ntico

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Por | Edição do dia 19/06/2015 - Matéria atualizada em 19/06/2015 às 00h00

No dia 12 de maio passado, ocorreu o centenário de nascimento do Irmão Roger Schutz Marsauche, que conheci no Congresso Eucarístico Internacional de Lourdes de 1981, em belíssima vigília ecumênica de preces, organizada pelos jovens dentro da programação do Congresso. Era realmente uma “figura frágil de rosto luminoso” como diz dele o jornal vaticano L’Osservatore Romano. Impressionou-me a transparência mística que iluminava sua pessoa de monge e de cristão. Em 20 de agosto de 1940, o jovem pastor protestante suíço, Roger Schutz, de 25 anos de idade, chegava de bicicleta a Taizé, pequena aldeia no topo de uma colina da Borgonha, perto da famosa abadia de Cluny, na França dividida e dilacerada pela 2ª guerra mundial. Após longo retiro, na solidão e no silêncio do inverno de 1953, ele redigiu a regra de Taizé que começa com as palavras: “Irmão, se te submetes a uma regra comum, só o podes fazer por causa de Cristo e do Evangelho. Teu louvor e teu serviço estão já integrados numa comunidade fraterna, incorporada na Igreja”. Em julho de 1941, o Irmão Roger encontrara-se com Paul Couturier e Maurice Villain, dois sacerdotes católicos, pioneiros do ecumenismo na França. Deles escreveu: “Penso que hoje compreendi a partir de dentro a posição católica romana destes sacerdotes. Os dois entenderam minha preocupação: a indiferença dos cristãos diante de nossas divisões”. Surgiu, assim, a original experiência da uma comunidade de monges cristãos, católicos e de outras denominações cristãs, reconhecida por Roma e pelos principais responsáveis das Igrejas e confissões cristãs. O Irmão Roger começou a acolher a todos, judeus perseguidos pelo nazismo, ex-prisioneiros alemães e crianças órfãs da guerra. Um dos símbolos da comunidade é a grande igreja, chamada da Reconciliação, construída em comum por franceses e alemães, que ali acorriam no final dos anos 50. Nessa época, alguns irmãos de Taizé visitavam escondidamente os cristãos sufocados pelos regimes comunistas da Europa oriental. No Brasil, há também uma experiência de Taizé em Alagoinha, no estado da Bahia: um mosteiro beneditino ecumênico, que infelizmente agora passa por grandes dificuldades pela escassez de vocações. Pelo que fui informado, há, no momento, somente cinco monges católicos e três protestantes. Inexplicavelmente, o Irmão Roger foi assassinado por um desequilibrado mental durante a oração da noite de 16 de agosto de 2005. Sucedeu-lhe o monge católico Alois Loser. Indubitavelmente, o Irmão Roger Schutz era um cristão autêntico...

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