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Nº 5759
Opinião

Louvado seja!

O papa Francisco publicou ontem, a primeira encíclica escrita inteiramente por ele. Trata-se da “Laudato Si’ (“Louvado seja”, em português). Inspirado no “Cântico das Criaturas”, de são Francisco de Assis, trata-se de um texto de 191 páginas, dividido em

Por | Edição do dia 19/06/2015 - Matéria atualizada em 19/06/2015 às 00h00

O papa Francisco publicou ontem, a primeira encíclica escrita inteiramente por ele. Trata-se da “Laudato Si’ (“Louvado seja”, em português). Inspirado no “Cântico das Criaturas”, de são Francisco de Assis, trata-se de um texto de 191 páginas, dividido em seis capítulos, dedicado ao meio ambiente, no qual ele denuncia o comportamento “suicida” de um sistema econômico que ameaça o futuro da humanidade. Formado em Química, o papa argentino afirma que as mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas e, por isso, constituem um dos principais desafios atuais. Também se baseia nos estudos científicos que atribuem essas mudanças em grande parte à ação do homem. Não é a primeira vez que o tema meio ambiente aparece nos documentos papais. Já em 1971, Paulo VI referiu-se à problemática ecológica, apresentando-a como uma crise que é “consequência dramática” da atividade descontrolada do ser humano. Alertava o então pontífice que, por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, o ser humano começava a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação. Paulo VI também falou sobre a possibilidade de uma catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial. João Paulo II também se debruçou sobre esse tema. Na sua primeira encíclica, advertiu que o ser humano parecia não se dar conta de outros significados do seu ambiente natural, para além daqueles que servem somente para os fins de um uso ou consumo imediatos. Em outra oportunidade, convidou a uma conversão ecológica global. Já Bento VI conclamou a sociedade a eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente. A encíclica de Francisco se destaca por colocar, do mesmo lado, a fé e a ciência, Deus e a Terra, cria um novo pecado, o ecológico, e enfatiza a relação entre a mudança climática e as desigualdades no planeta. Não se trata, portanto, de um daqueles documentos típicos dos chamados “ecochatos”, ou “ecoxiitas”. Desde o primeiro momento de seu pontificado, o atual papa tem se voltado para as periferias do mundo e da existência, com clara e valente visão evangélica.

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