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Opinião

Desafio a superar

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Poucos dias depois do tiroteio no qual nove negros foram assassinados por um jovem numa igreja frequentada por afro-americanos no estado da Carolina do Norte, o presidente Barack Obama disse, num programa de rádio, uma frase que ilustra a segregação que ainda paira sobre a sociedade americana. ?Nós não estamos curados do racismo?, afirmou Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Para ele, não é apenas uma questão de discriminação flagrante, mas sim um traço da história que as sociedades não apagam completamente de um dia para o outro. O legado da escravidão, de leis de segregação racial, da discriminação em quase todos os aspectos da vida têm um impacto duradouro e que continua a fazer parte do povo americano. O caso serve como estímulo para uma reflexão sobre as tensões raciais que existem também no Brasil. Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, por aqui o racismo desenvolveu-se de forma muito específica e particular, porque nunca foi legitimado pelo Estado. Foi e ainda é um racismo presente nas práticas sociais e nos discursos, ou seja, um racismo de atitudes, porém não reconhecido pelo sistema jurídico e ainda negado pelo discurso de harmonia racial e não racialista da nação brasileira. Embora mais de um século já tenha se passado desde a abolição da escravatura em nosso País, pouco mudou em relação à situação do negro na sociedade. Apesar de alguns avanços nas últimas décadas, o Brasil ainda possui uma cultura muito forte de estereótipos e o que se vê é o impacto negativo da escravidão e da colonização que resultou em diversas consequências para a população afro-brasileira. São os negros os mais afetados pela violência e pelo subemprego. Apesar de ser um País tão miscigenado, ainda causa admiração quando um negro ascende à presidência de um tribunal superior, quando uma atriz negra se torna protagonista de uma telenovela ou quando uma jornalista negra passa a ser uma das apresentadoras de um telejornal de grande audiência. Tais fatos que deveriam ser corriqueiros, ainda são exceções. Fingir que o racismo não existe e denunciar toda reação como patrulha politicamente correta é um ato simplista. Velado ou não, ele existe. Combatê-lo ainda é um desafio para o Estado e as entidades não governamentais.

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