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Nº 5759
Opinião

A vida � breve, mas prazerosa

Rememorar um tempo que passou é vivê-lo novamente. A nossa mente é seletiva, só permanece gravado o que é bom. Selecionei uma retrospectiva dos bons momentos que vivi e que estão guardados num lugar de destaque da minha memória. Resolvi manifestá-los, esc

Por | Edição do dia 26/06/2015 - Matéria atualizada em 26/06/2015 às 00h00

Rememorar um tempo que passou é vivê-lo novamente. A nossa mente é seletiva, só permanece gravado o que é bom. Selecionei uma retrospectiva dos bons momentos que vivi e que estão guardados num lugar de destaque da minha memória. Resolvi manifestá-los, escrevendo-os. Da minha mais remota infância recordo-me da igreja matriz da Viçosa que ia acompanhado por meu pai. Está na minha memória, bem nítida, a fisionomia do Padre Machadinho pregando o Evangelho. Em outro momento, lembro-me brincando com meus primos e primas em frente à casa grande do Bananal, sendo observados por meus pais, tios e avós. Recordo-me, ainda, dos meus amigos de infância e perfeitamente da casa onde nasci e vivi até os oito anos de idade, na Rua do Calçamento, em Viçosa. Nos finais de semana toda a família embarcava para o Bananal no trem Maria Fumaça. Descia no Anel e de lá, a cavalo ou a pé, subia a ladeira do cajueiro e finalmente chegava a Bananal. Minha juventude também foi muito prazerosa, fiz o que mais gostava: estudava durante a semana e no sábado e domingo me deliciava com o ruralismo do povoado Bananal: tomar banho de rio, percorrer as pradarias com meus tios caçando nambus, à noite ouvir as histórias da família contadas pelos avôs e tios. Fui a muitas tapagens de casa e festas nas grotas. Arrastei o pé em muitos forros, numa “latada”. Assisti os reisados comandados pelo Mestre Osório: “ou Viçosa do nosso Brasil, eu longe de ti, a saudade me mata...”. Casei-me e conheci o prazer de ter filhos. Foram quatro, um atrás do outro. Preparar mamadeira, trocar fraldas, levar as crianças à escola – que trabalhão! A partir dos 14 anos, levar os meninos aos shows no Trapichão. Namoros, conselhos, preocupações. O tempo foi passando e chegou a época de faculdade – cadê o dinheiro, já que todos quatro foram estudar no Cesmac? Deu-se um jeito. Ufa, alívio financeiro quando se formaram! Os casamentos dos filhos foram acontecendo. Então, veio o prazer de colocar os netos no colo, de vê-los dar as primeiras passadas, de ouvir a netinha dizer, aos prantos: “vô, mamãe não deixa eu comer chocolate”; então, cheio de autoridade e escondido, ofereço a guloseima. A filha descobre e reclama. Respondo: avô é pai duas vezes. E pronto. Que prazer é reunir a família que está ficando numerosa! Já são sete netos. Bagunça no apartamento. Os filhos ainda precisam de conselhos, de ajuda. É muito gratificante poder confirmar que, a cada dia, gosto mais de minha esposa. Acho-me na obrigação, como cidadão do mundo, de ajudar e transmitir os conhecimentos adquiridos durante meus 68 anos de vida aos parentes e os amigos. E assim, caminhando, dia a dia, vou consolidando a afirmação de que o mundo em que vivemos é muito prazeroso; usufruí-lo só depende de nós. Enquanto durar minha existência, vou continuar sempre fazendo planos para o futuro, visando contribuir com coisas boas para as gerações que estão se sucedendo. A expectativa da brevidade da vida não será problema desde que saibamos conduzi-la com otimismo e com prazer de viver.

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