loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
domingo, 06/07/2025 | Ano | Nº 6004
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Opinião

Opinião

Odisseia financeira

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Os gregos foram chamados às urnas para decidir se aceitavam o programa proposto pelos credores há mais de uma semana, e a resposta não deixou margem para dúvidas: o ?Não? venceu com mais de 60% dos votos. Os gregos querem respirar depois de cinco anos de austeridade. A vitória expressiva do ?Oxi? causou surpresa geral, pois, na semana passada, todas as sondagens apontavam um país dividido. Agora, governos e analistas tentam prever as consequências dessa decisão. Três cenários são possíveis: a Grécia deixa o euro após fracassadas tentativas de negociação com a zona do euro; bancos gregos entram em colapso levando a um resgate da zona do euro ou a uma saída da Grécia; ou o governo grego convence líderes da zona do euro a concordar com uma revisão do acordo. Embora a população grega tenha rejeitado as exigências dos credores em troca de ajuda ao país, cuja economia está combalida, a decisão vai exigir austeridade, pois, nos últimos anos, o país gastou muito mais do que podia. Não é correto, portanto, dizer que os gregos votaram contra mais medidas de austeridade, pois o próprio governo reconhece que precisa tomar medidas difíceis. O resultado das urnas significa dizer que eles escolheram uma ?austeridade soberana? para tentar negociar um plano de reestruturar sua dívida pública. A Grécia pede uma solução que seja financeiramente viável. O mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional afirma que a dívida do país é insustentável. Um arrocho maior causaria mais instabilidade social e diminuiria a chance de uma recuperação econômica De qualquer forma, o plebiscito pode ter servido para deixar clara a necessidade mundial de uma grande discussão sobre os conceitos de progresso e estilo de vida. O modelo atual ? como bem analisou o papa Francisco em sua encíclica ?Laudato Si? ? é insustentável, porque está baseado na ideia de que quem tem mais renda e consome mais é feliz. O momento é propício para redefinir o que seja o progresso. A partir da revolução industrial, a humanidade o considerou como sinônimo de produzir mais e consumir mais, e não simplesmente de viver melhor. A decisão dos gregos bem que poderia ser o primeiro passo para que a sociedade ocidental começasse a reorientar esse conceito.

Relacionadas