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Nº 5759
Opinião

Odisseia financeira

Os gregos foram chamados às urnas para decidir se aceitavam o programa proposto pelos credores há mais de uma semana, e a resposta não deixou margem para dúvidas: o “Não” venceu com mais de 60% dos votos. Os gregos querem respirar depois de cinco anos de

Por | Edição do dia 07/07/2015 - Matéria atualizada em 07/07/2015 às 00h00

Os gregos foram chamados às urnas para decidir se aceitavam o programa proposto pelos credores há mais de uma semana, e a resposta não deixou margem para dúvidas: o “Não” venceu com mais de 60% dos votos. Os gregos querem respirar depois de cinco anos de austeridade. A vitória expressiva do “Oxi” causou surpresa geral, pois, na semana passada, todas as sondagens apontavam um país dividido. Agora, governos e analistas tentam prever as consequências dessa decisão. Três cenários são possíveis: a Grécia deixa o euro após fracassadas tentativas de negociação com a zona do euro; bancos gregos entram em colapso levando a um resgate da zona do euro ou a uma saída da Grécia; ou o governo grego convence líderes da zona do euro a concordar com uma revisão do acordo. Embora a população grega tenha rejeitado as exigências dos credores em troca de ajuda ao país, cuja economia está combalida, a decisão vai exigir austeridade, pois, nos últimos anos, o país gastou muito mais do que podia. Não é correto, portanto, dizer que os gregos votaram contra mais medidas de austeridade, pois o próprio governo reconhece que precisa tomar medidas difíceis. O resultado das urnas significa dizer que eles escolheram uma “austeridade soberana” para tentar negociar um plano de reestruturar sua dívida pública. A Grécia pede uma solução que seja financeiramente viável. O mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional afirma que a dívida do país é insustentável. Um arrocho maior causaria mais instabilidade social e diminuiria a chance de uma recuperação econômica De qualquer forma, o plebiscito pode ter servido para deixar clara a necessidade mundial de uma grande discussão sobre os conceitos de progresso e estilo de vida. O modelo atual – como bem analisou o papa Francisco em sua encíclica “Laudato Si” – é insustentável, porque está baseado na ideia de que quem tem mais renda e consome mais é feliz. O momento é propício para redefinir o que seja o progresso. A partir da revolução industrial, a humanidade o considerou como sinônimo de produzir mais e consumir mais, e não simplesmente de viver melhor. A decisão dos gregos bem que poderia ser o primeiro passo para que a sociedade ocidental começasse a reorientar esse conceito.

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