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Nº 5759
Opinião

Jovens v�timas

A realidade já é conhecida, mas os números continuam assustando. De acordo o Mapa da Violência, o Brasil registrou, no ano de 2013, 10.136 assassinatos de jovens entre 11 e 19 anos, o que dá uma média de 28 mortos por dia – três vezes e meia mais do que o

Por | Edição do dia 24/07/2015 - Matéria atualizada em 24/07/2015 às 00h00

A realidade já é conhecida, mas os números continuam assustando. De acordo o Mapa da Violência, o Brasil registrou, no ano de 2013, 10.136 assassinatos de jovens entre 11 e 19 anos, o que dá uma média de 28 mortos por dia – três vezes e meia mais do que o número de vítimas do episódio que ficou conhecido como a Chacina da Candelária. O perfil das vítimas jovens que sofrem violência já é bem conhecido: cor negra, pobre e pouco escolarizado. O Mapa mostra que os índices de violência na faixa dos 11 aos 19 anos foram crescendo drasticamente ao longo desses anos. Entre 1993 e 2013, praticamente quadruplicaram os níveis de violência. Grave e preocupante é a tendência crescente dessa vitimização homicida na faixa de 16 e 17 anos de idade: de uma taxa de 9,1 homicídios por 100 mil jovens em 1980, pula para 54,1, em 2013, crescimento de 496,4% no período. Alagoas, infelizmente, ocupa a primeira posição entre os estados. O índice de jovens negros, entre 16 e 17 anos, mortos no ano de 2013, é de 66,3 por 100 mil habitantes. O de jovens brancos, na mesma faixa etária, é de 24,2 por 100 mil. Quanto à escolaridade, 82% das vítimas de assassinatos no país tinham até sete anos de estudo, o que equivale ao nível fundamental. Na faixa etária de 16 e 17 anos, 93% dos mortos são homens. Os responsáveis pelo levantamento alertam que essa tendência é incentivada pela tolerância e aceitação, tanto da opinião pública quanto das instituições encarregadas de enfrentar esse flagelo. O esquema de “naturalização” e aceitação social da violência é operado, principalmente, pela culpabilização das vítimas, pertencentes a setores mais vulneráveis da sociedade. Dessa forma, uma determinada dose de violência, que varia de acordo com a época, o grupo social e o local, torna-se aceita e até é vista como necessária, até mesmo por pessoas e instituições que teriam a obrigação e responsabilidade de proteger as vítimas. Para os especialistas, é preciso fazer um grande pacto nacional pela redução de homicídios, com foco sobre adolescentes e jovens, que têm sido mais vítimas da violência do que causadores dela. Esse debate deve ocorrer não apenas em âmbito federal, mas envolver também governos estaduais, municipais e toda a sociedade. É uma causa de todos.

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