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Nº 5759
Opinião

A vit�ria da capacidade

“Não existe eleição vencida antes que a urna seja aberta”. Essa expressão comum no mundo da política serve bem para ilustrar o momento que antecede um período eleitoral. Muitos nomes, viciados nas disputas, inflam-se como balões e passam a acreditar que o

Por | Edição do dia 02/08/2015 - Matéria atualizada em 02/08/2015 às 00h00

“Não existe eleição vencida antes que a urna seja aberta”. Essa expressão comum no mundo da política serve bem para ilustrar o momento que antecede um período eleitoral. Muitos nomes, viciados nas disputas, inflam-se como balões e passam a acreditar que o tamanho e o investimento financeiro das campanhas os conduzem as vitórias. Pior são aqueles que acham que o apoio de A, B ou C automaticamente assegura-lhes que suas candidaturas são imbatíveis. A história está repleta de exemplos que mostram o contrário. Relembro a situação do Partido Democrata dos Estados Unidos no final dos anos de 1980. A legenda estava destruída, tinha amargado uma eleição quase dez anos antes que sequer tinha reeleito o presidente Jimmy Carter e visto o Partido Republicano emplacar um dos mais carismáticos e habilidosos presidentes da história moderna americana: Ronald Reagan, que entre outras coisas assistiu de camarote a derrocada da União Soviética. Tão fortalecido que emplacou o sucessor, George Bush (o pai), sem muita dificuldade. Os Democratas estavam aos frangalhos, mas por sorte souberam dar lugar a um novo líder. Naquele tempo Bill Clinton já era governador do Arkansas pela segunda vez, era um homem público, bem sucedido, professor admirado pelos jovens, com aliados dentro e fora da legenda, mas olhado com desconfiança por alguns nomes fortes da estrutura partidária. Os dirigentes estavam preocupados, antes de tudo, com a preservação de seu comando sobre a organização, deixando de lado os interesses comuns do fortalecimento da instituição para vencer aquela eleição. Basta lembrar que nas prévias Clinton estava estacionado em terceiro lugar nas pesquisas, sem nenhum apoio e sendo criticado pelas costas, muitas vezes com mentiras e boatos infundados. No entanto, o então candidato a candidato nunca deixou de acreditar em seu potencial de liderança dentro do Partido Democrata. Não desistiu da esperança em ser o adversário do então presidente Bush. Ele trabalhou para unir os descontentes, para agregar os mais diversos grupos dentro da instituição, lutou para trazer de volta os que se afastaram e construiu pontes acreditando que a vitória seria do povo americano. Em quatro meses, Clinton reverteu o quadro desfavorável dentro dos Democratas e conquistou os votos necessários para enfrentar o desafio – que se mostraria uma das campanhas mais brilhantes da história, pois o então presidente Bush começava aquela disputa com 80% de popularidade, ecos ainda do fortalecimento do neoliberalismo de Reagan e da vitória americana na Guerra do Golfo. Com um discurso que atendia aos interesses dos americanos, ele se mostrou atuante e combativo, com espírito de liderança e representatividade. Nem preciso lembrar que Clinton foi um grande presidente, conseguiu ser reeleito e hoje é visto em todo mundo como um exemplo de gestor. A história ensina que não se desiste sem se dar o primeiro passo.

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