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Nº 5759
Opinião

Viol�ncia desnudada

Há 30 anos, foi instalada, em São Paulo, a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do País. Havia, na época, muitas reclamações por parte das mulheres sobre o atendimento prestado em delegacias de polícia comuns, onde geralmente elas eram ouvidas por homen

Por | Edição do dia 07/08/2015 - Matéria atualizada em 07/08/2015 às 00h00

Há 30 anos, foi instalada, em São Paulo, a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do País. Havia, na época, muitas reclamações por parte das mulheres sobre o atendimento prestado em delegacias de polícia comuns, onde geralmente elas eram ouvidas por homens. A ideia da Secretaria de Segurança Pública de SP era oferecer um espaço diferenciado para receber vítimas de violências físicas e sexuais cometidas por desconhecidos, com o intuito de dar um atendimento mais humanizado e acolhedor. Entretanto, desde o início, percebeu-se que a maioria das vítimas havia sofrido agressões dos próprios companheiros. A partir da criação da delegacia – iniciativa que se espalhou pelo Brasil, inclusive Alagoas –, o governo passou a ter ciência e a enxergar a violência sofrida pelas mulheres, tanto agressões físicas quanto discriminações e ofensas. Antes, a violência doméstica era invisível, ocorria entre quatro paredes e não havia nem abertura nem impulso para que as denúncias viessem à tona. Sabe-se que há vários fatores que impedem a mulher de denunciar o companheiro agressor. Há o receio de desaprovação da família em casos de divórcio e de perder a guarda dos filhos. Também há a fragilidade emocional e a dependência financeira, além de situações de ameaça. Nesses últimos 30 anos, houve grandes avanços no combate à violência contra a mulher. A Lei Maria da Penha, que completa hoje nove anos, é um bom exemplo. Trata-se de um dispositivo que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica. Mais do que isso, é uma lei que já mostrou ter aplicabilidade, diferentemente de outras que simplesmente “não pegam”. A Lei Maria da Penha ajuda a consolidar que alguns atos praticados no contexto familiar constituem crime, e não algo que deve ser visto como natural. Isso motiva a mulher para procurar apoio, atendimento e provoca a sociedade a procurar mecanismo de proteção. No entanto, há ainda desafios para mudar esse quadro. A cada duas horas, uma brasileira é morta em situação violenta. Uma em cada cinco mulheres afirma ter sofrido algum tipo de agressão por parte de um homem. Isso mostra que, além de leis severas, precisamos de uma mudança cultural. É um ciclo de violência que precisa ser superado.

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