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Nº 5759
Opinião

O marketing das drogas

É preciso discutir a questão da maconha. Para que o debate possa avançar sem preconceitos é essencial esclarecer um aspecto fundamental. Quem é a favor da liberação é tão contrário ao vício quanto quem acredita na repressão, a discordância, nesse caso, é

Por | Edição do dia 19/08/2015 - Matéria atualizada em 19/08/2015 às 00h00

É preciso discutir a questão da maconha. Para que o debate possa avançar sem preconceitos é essencial esclarecer um aspecto fundamental. Quem é a favor da liberação é tão contrário ao vício quanto quem acredita na repressão, a discordância, nesse caso, é apenas de método. A guerra às drogas é um dos maiores fracassos da humanidade. Gastaram-se trilhões, perderam-se incontáveis vidas e nem estabilizar os números se conseguiu, o uso da maioria das substâncias viciantes continuou aumentando. Até hoje, a única delas cujo mundo conseguiu diminuir exitosamente o consumo foi o tabaco. É inevitável, então, pensar em adotar a mesma estratégia para tentar combater as outras. Acabar com a propaganda foi o método utilizado. Todo mundo sabe que ela é a alma do negócio, que nenhuma marca sobrevive sem divulgação. Não é preciso ser nenhum gênio do marketing para saber que nem o mais conhecido e admirado produto sobrevive sem promoção constante. Não fosse assim, a Coca-cola não gastaria bilhões anualmente nessa área. Mas não existe propaganda de drogas ilícita, não é? É aqui que a maioria se engana. O que não tem é publicidade indireta, aquela onde o vendedor anuncia seu produto em algum lugar. Os publicitários sabem, porém, que essa não é a forma mais eficaz. A forma mais persuasiva de convencer alguém é a venda direta, onde o próprio vendedor convence o cliente. Usando esse tipo de divulgação, marcas como a Herbalife se difundiram pelo planeta, sem nunca terem feito um comercial na TV. É assim que a maconha chega aos jovens, pela influência de “colegas”, que usam e fornecem, criando novos mercados. Assim também funciona com o tabaco, só que como este não é proibido, uma vez passada a fase da transgressão juvenil, a propaganda cessa, pois não existem traficantes de cigarro “careta”. Você já viu algum adulto incentivando outro adulto a começar a fumar? A legalização da maconha não acabaria apenas com o tráfico, mas também com sua propaganda e consequentemente, inibiria sua popularização. Contudo, isso não acontecerá se apenas o consumo for liberado, continuando a produção e comércio sendo criminalizados. Essa tragada pode sair pela culatra. Ao liberar apenas o uso, evita-se a prisão de milhares de adolescentes não criminosos, o que é uma benesse em si. Mas é só isso, não ataca o problema real das drogas, não reduz o consumo, não diminui a violência. Não resolve nada.

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