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Nº 5759
Opinião

REALISMO E ENTUSIASMO

No final/início de ano, é oportuno para as empresas fazerem um balanço das suas atividades e publicar os resultados obtidos no período que se encerra. O que deu certo, o que não deu, quais são as perspectivas para o próximo exercício, suas ameaças, oportu

Por | Edição do dia 01/03/2016 - Matéria atualizada em 01/03/2016 às 00h00

No final/início de ano, é oportuno para as empresas fazerem um balanço das suas atividades e publicar os resultados obtidos no período que se encerra. O que deu certo, o que não deu, quais são as perspectivas para o próximo exercício, suas ameaças, oportunidades e estratégias para enfrentá-las e superá-las. O Brasil está mergulhado em uma das suas maiores crises, porque ela é decorrente do binômio política-economia, a primeira derivada da má gestão da segunda. Vamos fechar 2015 com um PIB negativo em torno de 4%, e o que é pior, não vimos ainda a luz no fundo do poço, pois tudo indica que a recessão de 2016 vai se estender por 2017. O Tesouro em deficit não tem recursos para obras e a falta de confiança dos empresários em investir faz com que os consumidores sejam cada vez mais pessimistas com o aumento de impostos, o rumo da inflação e a ameaça do desemprego. O setor energético não ficou à margem dessa tensão alta. No final de 2015, a bandeira vermelha sinalizava um uso intensivo das térmicas para compensar os baixos níveis nos nossos reservatórios hidráulicos. Com 5,23% de armazenamento, o Nordeste foi o mais sacrificado registrando os 2% extremamente críticos de Sobradinho com a presença do El Niño. O PIB negativo, a redução do consumo, a migração de consumidores cativos para o mercado livre e a melhora dos reservatórios sinaliza a bandeira verde em março, ficando ligadas apenas as térmicas de custo mais baixo. No ano passado pesou no nosso bolso o realismo tarifário, um aumento médio de 50% nas contas de luz. A CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que subsidia os programas sociais, sem a participação do Tesouro ficou muito cara para todos nós e a grande indústria recorreu às liminares. Juntando a essas a disputa sobre os efeitos da GSF (Garantia Física) das hidrelétricas, tivemos uma judicialização setorial nunca vista antes na história desse País, que paralisou a liquidação do mercado de curto prazo. No governo Lula foram criados alguns dogmas, ampliados na administração de Dilma Rousseff. O resultado da visão nacionalista de que o sistema tem que ser estatal, que as empresas privadas ganham muito dinheiro, exploram o consumidor dos serviços públicos e que o capitalismo é de todo ruim apareceu claramente com os lotes vazios nos leilões de transmissão. Nos lotes arrematados, a remuneração entre 4% e 6% não atraía os investidores privados e as estatais ganhavam a licitação. Sem caixa e sem licenças ambientais, não conseguiram em tempo hábil escoar a energia de várias eólicas no Ceará, no Rio Grande do Norte e na Bahia prontas para entrar em operação. Essa visão ultrapassada nocauteou a indústria brasileira de petróleo. Quando o barril de óleo alcançou US$ 140 o governo relançou ‘O Petróleo é Nosso’ como bandeira política, colocou a Petrobras como única operadora do Pré-Sal e passou cinco anos discutindo com o Congresso e com os governadores dos “estados produtores” o destino da dinheirama visualizada. Agora, com o petróleo beirando os US$ 30/barril e sem perspectiva de aumentar nos próximos anos, o Pré-Sal se inviabiliza pois seu custo de produção está em 45 US$/barril. Esse era o momento da pequena indústria petrolífera nacional oferecer a porta de saída enquanto a estatal, com dívidas de R$ 500 bi, é obrigada a vender seus ativos para se recuperar do baque da corrupção. Não sou um pessimista, nem um otimista: sou um entusiasta. Desejo, portanto, que os gases que aquecerem o clima do Natal tragam bons ventos e muito sol para clarear os caminhos da nossa geração distribuída, fazendo crescer nossa biomassa florestal de sonhos irrigada e nucleada de momentos felizes para uma vida plena. Que sejamos muito eficientes com essas fontes de energia nesse 2016 de esperança.

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