MICROCEFALIA NUMA CULTURA DE MORTE
Estamos todos alertas para saber as causas de tantos bebês com microcefalia em nosso país e as atitudes dos pesquisadores na área da saúde são louváveis, visto que a tentativa de descobertas é contrária ao tempo, e a demora em encontrar soluções tem preju
Por | Edição do dia 04/03/2016 - Matéria atualizada em 04/03/2016 às 00h00
Estamos todos alertas para saber as causas de tantos bebês com microcefalia em nosso país e as atitudes dos pesquisadores na área da saúde são louváveis, visto que a tentativa de descobertas é contrária ao tempo, e a demora em encontrar soluções tem prejudicado a muitos nascituros. Contudo, na contramão, há aqueles que já procuraram resolver a questão de forma rápida. Numa cultura de morte como a nossa, em que o aborto é somente visto pelo viés da saúde pública, por que não matar os bebês que estão com microcefalia? Pois essa foi a via escolhida por muitas mães. As reportagens falando sobre o aumento das vendas de pílulas abortivas por conta do surto da microcefalia estão a corroborar isso. Sinto vergonha de pensar em soluções como essa. Que moral nós temos diante de outras nações se a história não nos ensina e cometemos os mesmos erros do passado? Critica-se tanto a Alemanha na época de Hitler e agimos da mesma forma, pois decidimos quem vai viver na base dos nossos parâmetros! O feto só tem o direito de nascer caso esteja em condições perfeitas para isso? Então, deveríamos ter matado todas as pessoas com deficiências simplesmente porque elas não estão enquadradas em nossos paradigmas? Não somente é estúpido agir assim, mas extremamente desumano. Hoje, a educação das crianças e dos jovens não se pauta mais em valores morais e éticos. Pouco se pensa nas consequências, e o resultado, a mídia também mostra, pois a quantidade de assassinatos sempre tem aumentado. Lembro-me de algumas mães que aconselhei a não abortar. Sempre que as encontro, um filme passa em minha mente. Elas me agradecem, pois falam da beleza de serem mães e o quanto a vida delas foi transformada. E por que um filho com deficiência não iria causar o mesmo? A mãe continua sendo mãe. E a criança, com microcefalia ou qualquer outra alteração física, tem todo o direito de ser amada como um ser humano. Mais amor, menos mortes, é o que pedimos! Agradeço a todos os que são pais de pessoas com deficiências e que tiveram a coragem de assumi-las em face das dificuldades e dos sofrimentos de suas condições. Gostaria que a voz de vocês pudesse ecoar em nossa sociedade hedonista e marcada pela morte. Assim, a vida seria sempre uma prioridade. Para todos.