Opinião
Novos caminhos

A Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto-base da medida provisória que estabelece uma reforma no ensino médio. O texto flexibiliza o conteúdo e determina que 60% da carga horária de todo o ensino médio sejam obrigatórias. Nos 40% restantes, os alunos poderão escolher as disciplinas de acordo com seus interesses. Ao contrário do projeto original enviado pelo governo, a proposta aprovada estabelece que educação física e artes continuarão obrigatórias no ensino médio. A medida provisória incentiva ainda o ensino integral e diz que a carga horária deve ser ampliada progressivamente até atingir 1,4 mil horas anuais. Atualmente, o total é de 800. Desde que chegou ao Congresso, a reforma recebeu críticas de especialistas e entidades de classe. Também em protesto ao seu teor, estudantes ocuparam escolas e universidades em diversas cidades do País. Nos últimos dois meses e meio, o texto foi debatido por uma comissão especial, formada por deputados e senadores, e acabou aprovado na semana passada por 16 votos a 5. O ensino médio é a fase do ensino básico que permeia a adolescência, quando os jovens devem se decidir pelo próprio futuro, preparando-se para o ingresso no curso superior. Seu conteúdo vem sendo, nos últimos anos, cada vez mais voltado para as cobranças do vestibular. Uma das críticas que se fazem ao modelo atual é o conteúdo enciclopédico e o excesso de disciplinas. Na prática, só causa desinteresse por parte do aluno, daí a necessidade de uma reforma que torne os conteúdos relevantes, de forma a atender às expectativas dos estudantes. No Brasil, cerca de 7 milhões de jovens estão matriculados no Ensino Médio, mas, de acordo com dados divulgados pelo censo escolar, o nível de aprendizado dos estudantes brasileiros no ensino médio piorou em Matemática e chegou, em 2015, ao pior resultado desde 2005. De acordo com o censo, a nota de português subiu, mas a situação ainda é de estagnação. Apesar de reconhecerem a necessidade de uma reforma do ensino médio, as entidades ligadas ao setor educacional criticam a forma como será implementada a reforma. De fato, um assunto tão importante mereceria um debate público mais amplo, com a participação de todos agentes interessados na questão, como pais, alunos e professores.