Opinião
O POBRE NATAL DOS MILION�RIOS APENADOS

Bom seria se a humanidade não esperasse chegar o Natal para externar um gesto de bondade; para estender a mão e praticar um pouco de caridade. Abrir um sorriso para as crianças que ocupam as calçadas, semáforos das cidades sem perspectiva promissora. Meninos e meninas em sua maioria sem pão para comer, nem amor para receber quando chegar em casa. Isso se existir um teto para lhes servir de abrigo. Mas aparentemente parecem felizes! Correm, brincam, divertem-se até no ato de pedir uma moeda para os transeuntes, o fazem com graça e alegria. Diante da dura realidade mundial com fome e guerras inúteis matando milhões de pessoas todos os dias, por aqui rezamos pela superação da pior de todas as crises morais da história. Por isso as comemorações natalinas do brasileiro, teve um sabor a mais para agradecer ao Deus Menino. A justiça finalmente está menos cega e abriu os olhos para os desvios de conduta da elite política e empresarial do país. Neste Natal, mais de 60 milionários apenados da Lava Jato, viram a estrela de Belém passar pelo olhar quadrado das grades. Os amiguinhos do alheio, conforme dados da ONG Transparência Internacional, são protagonistas do segundo maior escândalo de corrupção do mundo. Um Natal ?comemorado? na amargura de quatro paredes de uma cela de presídio distante dos entes queridos, convenhamos, é doloroso. Sofrido para condenados e seus familiares. Mas, castigo para criminoso tem fórmula única: cadeia. Somos todos iguais perante a lei. Se pecamos temos que pagar a penitência. Os brasileiros comuns fazem as celebrações natalinas em geral nas suas casas com todos reunidos, troca de presentes, o tradicional amigo secreto ao redor da árvore decorada com adornos da época. É bonito! Diferente daquela turma encarcerada lá em Curitiba e os que estão por vir. Em outras épocas viajavam o mundo para conhecer os mais encantadores natais: Nova York, Boston, Amsterdã, Berlim, Viena, Paris, cidades da América e Europa conhecidas pelo charme dos enfeites, iluminação, musicais emocionantes aliados a mais pura mágica das comemorações do Natal. Hotéis estonteantes, ouro, brilhantes, cristais, diamantes, presentes caríssimos e sedutores para suas sortudas esposas. Íntimos do luxo e da luxúria, vida burguesa patrocinados com o dinheiro do tributo do trabalhador brasileiro. Neste Natal conheceram um mundo diferente do seu milionário universo habitual. Das suítes suntuosas de hotéis internacionais para uma cela de 12m² dividida com mais três companheiros, cama de alvenaria, banheiro coletivo e o desconforto de sentar-se sobre os calcanhares num buraco na hora das necessidades fisiológicas. O conhecido ?boi? na linguagem dos presídios para privadas de uso dos detentos. A nota pública pedindo perdão ao país por comandar centenas de crimes contra o tesouro público; a delação do ?Príncipe? Marcelo Odebrecht; os bilhões de reais que serão devolvidos aos cofres da União. O Brasil está mesmo mudando?