Opinião
O muro fronteiri�o e a guinada dos EUA

A história da humanidade registra a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, em novembro de 1989, como símbolo de uma mudança irreversível da ordem mundial. Ali se iniciou um novo modelo de relações internacionais, com consequências positivas para a política não apenas na Alemanha reunificada, mas no mundo. Quase 28 anos após esse fato histórico, o mundo volta a ser surpreendido com o risco de uma nova separação entre povos. Agora no Ocidente, e nos Estados Unidos, país que se vangloria de defender a democracia e os direitos humanos. É de lá que brota o risco de uma nova ordem mundial, só que agora sem o equilíbrio que estrutura as relações de poder entre as nações. Ontem, quando o presidente americano Donald Trump assinou a ordem para iniciar a construção de um muro na fronteira com o México, materializou-se o temor de que o mundo volte a sofrer os mesmos males da Guerra Fria, quando o muro de Berlim foi levantado. O muro na fronteira com o México é uma das polêmicas propostas que Trump apresentou na campanha pela presidência dos Estados Unidos, e que agora, diante dessa assinatura, vê-se que pode não se tratar apenas de promessa. Ainda em junho de 2015, quando lançou sua candidatura na corrida presidencial americana, Donaldo Trump ofendeu os mexicanos e anunciou que construiria o muro separatista. ?Estão enviando gente que tem muitos problemas, estão nos enviando seus problemas, trazem drogas, são estupradores e suponho que alguns até podem ser boa gente, mas eu falo com agentes da fronteira e me contam a verdade? ? declarou o agora presidente. A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3 mil quilômetros. Em um terço dessa extensão já existem barreiras de contenção: iluminação de muito alta intensidade, detetores antipessoais de movimento, sensores eletrônicos e a polícia de fronteira dos Estados Unidos, que garante vigilância permanente com veículos e helicópteros artilhados. Ao assinar a ordem de construção de um muro distanciando-se do México, Trump anunciou que pretende triplicar o número de agentes de deportação. No poder, o presidente republicano envia ao mundo sinais, ainda que simbólicos, de que os EUA darão uma guinada. Nos resta torcer que não seja na direção do caos!