Salvator Mundi é mesmo um da Vinci

Leonardo da Vinci produziu tão poucas obras que dificilmente o pesquisador desconhece alguma delas. Afinal, o tempo que gastou em cada uma está muito bem alinhado a sua biografia: juventude em Florença, ida para Milão, retorno a Florença e Amboise, na França, onde morreu em 2 de maio de 1519. Seus discípulos passaram uma vida com ele: Marco D?Oggione, Cesare dal Cesto, Francesco Melzi e Giovanni Boltrafio. O modo leonardesco de pintar é o diferencial entre o Mestre e seus alunos. Muitas obras são atribuídas a Leonardo, porém, algumas, reconhecidamente, com a participação de alunos seus. Outras, atribuídas diretamente a algum deles. Leonardo é um mistério desde quando ainda vivia. Por isso, para atribuir autenticidade ao conjunto de suas obras e outras tantas de seus discípulos a Rizzoli Editore ? Milano publicou um catálogo em 1978, onde apresenta toda a obra pictórica de Leonardo. E entre tantas, lá está o Il Renditore Bendicente, o mesmo Salvator Mundi, ou pelo menos uma versão da obra, pertencente à Galeria Borghese, atribuída a Marco D?Oggione com o nome de Il Redentore (adolescente) e uma outra versão com o título de Il Redentore (adulto) atribuída a Cesare dal Sesto, existente em Milão da Coleção Trivulzio. Um sobrenome que remonta do período renascentista e que dá nome a uma grande coleção de obras de arte existente no Castelo Sforzesco. No entanto, a mesma obra está no site da Fondazione Federico Zeri ? Universitá de Bologna registrado como ?anônimo lombardo do século XVI?. Existem outras 20 versões da obra segundo a Wikipedia, que ainda acrescenta que em 1958 a obra foi vendida por 45 libras e era atribuída a Giovanni Boltrafio, a mesma que foi vendida pela Christie por 450 milhões de dólares. A grande questão é a seguinte: quando Leonardo teria produzido o quadro? Entre 1472 e 1483 viveu em Florença. Quando foi para Milão levou muitas de suas obras (encomendas) inacabadas. Durante seu período com o Moro, tentou fazer o monumento equestre de seu pai e produziu a Santa Ceia. Voltou à Florença, após a queda de Ludovico em 1499 e só então pintou simultaneamente as seguintes obras: 1503-1505 ? Mona Lisa; 1510-1515 ? Leda com o Cisne; 1510-1515 ? Santana a Virgem e o Menino; 1510-1515 ? Baco; 1513-1516 ? João Batista. O que essas obras têm em comum: o sorriso e a androginia. O Salvator Mundi pode ter sido pintado por Da Vinci, em Milão, sob a influência da Ceia. Nenhum outro artista se preocuparia com detalhes do bordado em fios labirínticos, dobras e franzido do traje a Mona Lisa e cabelos a Baco ou João Batista, sobrolhos carregados e penugem tênue da barba e o seu conhecido sfumatto. E, finalmente, ninguém iria copiar a obra de um aluno de Leonardo mais de 20 vezes.