Opinião
Incentivo à leitura

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei do Senado Federal que cria o Fundo Nacional Pró-Leitura com o objetivo de incentivar a população a ter mais interesse pela leitura e também mais acesso aos livros. O projeto propõe a criação do Vale-Livro, nos moldes do Vale-Cultura, destinado a alunos matriculados em todas as etapas da educação básica, e prevê, entre os objetivos do fundo, o de assegurar aos alunos regularmente matriculados nas escolas públicas de ensino infantil, fundamental e médio o acesso à leitura, por meio de concessão de crédito para compra de livro. Pelo projeto, o FNPL financiaria até 80% do custo total de cada projeto, desde que o beneficiário comprove dispor de recursos necessários para sua conclusão. O dinheiro do Fundo viria do Tesouro Nacional e de doações. Seria criado um conselho para decidir quais projetos seriam aprovados e para avaliar a aplicação do dinheiro. As iniciativas poderiam ser de incentivo à produção literária, ao mercado editorial e à formação dos chamados mediadores, que são professores e bibliotecários. É louvável a preocupação com o incentivo à leitura, pois trata-se de uma prática que desenvolve e aumenta o repertório geral, auxilia para que o indivíduo tenha senso crítico, amplia o vocabulário, estimula a criatividade e, finalmente, facilita a escrita. Além disso, é sabido que o brasileiro lê pouco, em comparação com outros países, inclusive nossos vizinhos sul-americanos, e isso se reflete no resultado de testes que medem o desempenho dos estudantes, nos quais o Brasil aparece em posições muito baixas. Pesquisa realizada em 2016 revelou que 44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro. Na comparação com 2011, houve uma melhora de seis pontos percentuais, mas os números ainda estão longe dos ideais. O brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano ? desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A formação do leitor é deficitária no Brasil, e as pessoas não são preparadas para todos os tipos de leitura. Para mudar essa realidade, é preciso maior valorização dos professores, incentivo continuado por parte das escolas e das famílias, maior acesso aos livros e bibliotecas não só como depósito de livros, mas como espaço para diálogos.