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quinta-feira, 10/07/2025 | Ano | Nº 6007
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Opinião

Medo de desistir

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Ainda flutuando no lago de pétalas da imaginação, incentivado pelas emoções características dos finais de ano quando, quase sempre, diminuímos nossas atividades corriqueiras, espiando a lua a derramar toda sua beleza nos coqueirais de nossa Maceió, recordei inúmeras fases de minha vida, quase todas já transformadas em textos, quer no livro publicado sobre as raízes das famílias às quais pertenço ou, até mesmo, nos escritos semanais, divulgados através da imprensa. Existe uma fase marcante, jamais esquecida, carecendo ser registrada: o Colégio Marista de Maceió era, não somente símbolo da excelente qualidade do ensino oferecido aos alunos, como elogiado por seu parque esportivo, considerado um dos mais qualificados do estado. Àquela época, o Irmão Getino, além de exímio professor de matemática, extrapolava seus conhecimentos sobre geometria e trigonometria, incentivando os discentes na pratica do esporte bretão. Desde sempre me considerei uma criatura esforçada... quer na condição de estudante, desportista, engenheiro, docente, enfim, alguém sabendo que ninguém deve ir a uma batalha sem estar convencido da vitória, apesar do respeito aos adversários. Se começamos sem confiança, teremos já perdido a metade do ímpeto, enterrando nossos talentos. Lá estava eu, sempre na posição de goleiro, defendendo o time do Colégio Marista, uma verdadeira seleção de futebol, há muito desconhecendo derrotas para nenhum dos estabelecimentos de ensino da Capital. Naquele sábado, as aulas encerraram mais cedo e os alunos deixaram suas salas correndo para as arquibancadas, visando assistir ao jogo entre nosso Onze vitorioso e o poderoso CRB, então campeão juvenil do Estado de Alagoas, repleto de craques, posteriormente brilhando como profissionais do Galo da Pajuçara. Tudo começou bem. Apesar de nossa veste não ser Azul, era como se o espírito do CSA houvesse baixado em cada um dos de nosso lado e os vermelhos logo estavam a perder por dois a zero. No segundo tempo, tudo continuava bem. Debaixo da trave havia pouco trabalho. Quando menos esperei, um chute traiçoeiro, disparado bem de longe, estourou minhas redes; minutos depois, outro gol alvirrubro, então devido a uma falha clamorosa, cometida por mim. Fiquei nervoso e quase sem controle; a torcida gritava frangueiro; minha vista escureceu e, confesso, chorei. O Irmão Getino, sentado em um banco próximo à lateral do campo, olhava para mim gritando sem parar: ?Você vai jogar até o final. Tem de concluir sua tarefa?. Aquele clássico mirim, acabou empatado. As duas ou três lágrimas que derramei por alguns segundos, vistas por todos os presentes, me emprestou o apelido de ?chorão?, meu companheiro até os dias atuais. Inesquecível foi o gesto de Irmão Getino! Com sua confiança ensinou-me, para todo o sempre, não somente a acreditar em mim, como, principalmente, a ter medo de desistir pois, se isto acontece, não sei o que dali advirá.

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