Opinião
A prisão de um líder

Ao que parece, o destino político e pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está selado pelos próximos 12 anos e um mês. Mesmo com direito de recursar, são bem maiores as possibilidades de o ex-presidente ser preso do que se livrar da condenação que lhe foi imposta na última quarta-feira, 24, pela 8ª Turma do TRF da 4ª Região (TRF4). Aliás, na decisão que proferiu em julho do ano passado, o juiz Sérgio Moro cogitou determinar a prisão cautelar de Lula, considerando as táticas por ele adotadas, contra o próprio julgador, com a propositura de queixa-crime, e contra procuradores, delegados e jornalistas. ?Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam? ? é declaração atribuída ao ex-presidente pelo jornal Estadão, que consta dos autos da Ação Penal nº 5046512-94.2016.4.04.7000/PR, vista como intimidatória. Entretanto, considerando que a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de ser traumática, Moro optou pela prudência. Deixou a decisão para a Corte de Apelação, assegurando que Lula recorresse de sua decisão em liberdade. Os votos dos desembargadores federais João Pedro Gebran Neto, Victor Luiz dos Santos Laus e Leandro Paulsen, que julgaram a apelação do ex-presidente contra a condenação inicial, que lhe imputou mais de 9 anos, demonstram que são mínimas as chances de mudança da sentença proferida na quarta-feira, 24. Considerando o que disseram durante o longo julgamento, dificilmente essa ameaça será sobrestada. ?Não julgamos o nome ou personagem ou ainda grande estadista, mas os fatos concretos?, disse Pedro Gebran, relator do recurso. ?Não se está aqui condenando o presidente senão pelos crimes os quais ele concorreu?, sustentou Leandro Paulsen. ?Nós não julgamos pessoas. Nós julgamos os fatos? ? declarou Victor Laus. Os desembargadores concluíram o julgamento sentenciando que, exaurida a 2ª instância, deve oficiar-se o juízo de 1º grau para início do cumprimento da pena. Também caberá a eles decidir sobre os embargos de declaração com os quais a defesa de Lula tentará, mais uma vez, reverter sua condenação e, claro, a ordem de prisão que pesa sobre sua cabeça como uma espada justiceira. A sentença e as manifestações dos três magistrados indicam que a estrada judicial que conduz o maior líder da história brasileira recente é plana e célere. Para desviar-se dela, Lula enfrentará obstáculos imensos como um iceberg.