Opinião
Horizonte de guerra

Enquanto a guerra segue com seu horror fazendo sangrar o povo iraquiano e chocando a opinião pública global, o pós-guerra é divisado com a mesma apreensão e grandes temores que caracterizaram o pré-guerra. Os governantes dos Estados Unidos e da Inglaterra, senhores da guerra, não têm idênticos pontos de vista de como serão dados os passos seguintes à pretendida capitulação do Iraque. A questão da participação e do papel da ONU é um desses pontos de vista divergentes entre Bush e Blair. A escalada das ações de guerra é outro item crucial. Bush não arquivou os conceitos acerca do eixo do mal, enquanto Blair já se apressou em dizer que a Inglaterra, depois de terminar com o Iraque, traz suas tropas de volta para casa. Irã, Síria e Coréia do Norte estão de cabelo em pé com a disposição dos falcões americanos. E têm as suas razões. Procurando marcar posição, a Coréia do Norte tem sido mais ousada e se declara preparada para a guerra. Para seus padrões e tradições de povo guerreiro, deve estar. A questão, porém, é outra, universal: o mundo está preparado para essa escalada de terror? Em entrevista coletiva concedida em Londres, o enviado da ONU à Coréia do Norte, Maurice Strong, declarou que o país está preparado e pode ir à guerra se acreditar que sua segurança e integridade estão ameaçadas pelos EUA, com quem tem um contencioso acordo nuclear. A agência oficial de notícias da Coréia do Norte, KCNA, divulgou uma nota onde se afirma que uma guerra nuclear na Península Coreana é inevitável à medida que a escalada imperialista dos EUA expanda ações militares para agredir, reprimir a Coréia do Norte pela força. Segundo a nota, os Estados Unidos estão dando as costas para o diálogo sobre a questão nuclear, não dando atenção à exigência da comunidade internacional para a resolução do assunto por meio do diálogo entre as duas partes. A nota diz, ainda, que o envio de tropas norte-americanas à Coréia do Sul para realização de exercícios militares apenas agrava a crise, dia-a-dia. Falácia, bazófia? O mundo não pode, nem deve, pagar para ver. A paz merece mais esforços.