Opinião
Mulher vocação e dignidade

O Dia Internacional da Mulher é o resultado de uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres (principalmente nos EUA e Europa) por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, que tiveram início na segunda metade do século XIX e se estenderam até as primeiras décadas do XX. Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o ?Dia Internacional da Mulher?. Certamente reivindicações justas, num mundo extremamente machista até os dias de hoje. Nesse contexto, penso que cabe refletirmos sobre a visão bíblica do papel e da dignidade da mulher na sociedade humana. A narrativa bíblica da criação da mulher lhe confere um caráter de dignidade e de importância fundamental no funcionamento e equilíbrio da criação. Disse Deus: ?Sozinho o homem não encontrará sentido para a vida e não será feliz; vou fazer para ele uma companheira e auxiliadora ? como se fosse a sua outra metade.? A palavra hebraica traduzida por ?auxiliadora e companheira? é usada com frequência, na Bíblia, em relação ao próprio Deus, descrevendo-o como um Deus que anda junto e que é companheiro e auxiliador. O termo, usado para definir a vocação e o espaço feminino na criação, não implica, portanto, inferioridade da mulher em relação ao homem. Pelo contrário, a mulher é descrita como uma parceira adequada, em pé de igualdade com o homem, na tarefa de cuidar do mundo de Deus. E ao usar um termo relacionado a si próprio para descrever a função da mulher, Deus a dignifica conferindo a ela um atributo seu. Portanto também a mulher, na sua origem, é imagem de Deus. Além disso, Deus lhe confere uma vocação divina e um serviço não menos inferior ao do homem, mas tão nobre quanto aquele, pois ambos são parceiros, colaboradores da confiança de Deus, para, juntos cuidar e cultivar o Jardim. Mas, a mais nobre das parcerias no serviço de Deus está em que juntos, em amor e como fruto do amor, homem e mulher geram novas vidas e assim vão encher a terra de filhos de Deus. Maria, por sua vez, como a segunda Eva, mãe da nova humanidade a partir de Cristo, compreendeu bem a dignidade de sua vocação divina, dizendo: ?Eis aqui a serva do Senhor? E serva aqui não tem conotação de escravo, de serviçal. Ao contrário é a mais nobre função humana, equiparada aos anjos, servos do Altíssimo. Ao se admitir como Serva do Altíssimo, Maria está resgatando a dignidade e vocação original da mulher de, junto com o homem, serem parceiros e colaboradores da confiança de Deus, para a realização de seus propósitos santos na construção de um mundo bonito, justo e com espaço para todos. E Cristo, na ressurreição, dignifica as mulheres conferindo a elas o nobre direito de serem as primeiras testemunhas e mensageiras deste evento que estabelece o novo começo para toda a humanidade.