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Operação abafa

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Nos tribunais de direito rudimentares da atual Namíbia durante a colonização alemã do fim do século 19 e início do século 20, a palavra de um alemão valia o mesmo que a palavra de sete africanos. Os colonizadores eram multados por crimes, como assassinato e estupro, para os quais os africanos eram sumariamente enforcados. Na colonização da África pelos países europeus, a eugenia, teoria desenvolvida pelo inglês Francis Galton, foi o principal suporte ?científico? para levar a ?civilização? ao continente negro. Inspirou Inglaterra, França, Bélgica e Portugal, mas foi a Alemanha quem mais a utilizou em sua devastadora exploração colonial. A eugenia afirmava que existia uma supremacia biológica insuperável entre os brancos europeus e os africanos, e o uso do Direito de forma extremamente desigual entre colonizadores e colonizados estaria plenamente justificada. O uso do Direito para promover perversas desigualdades na aplicação das leis perenizou-se oficialmente no continente até a revogação do apartheid sul-africano. Essa receita indigesta, que teve como prato principal a eugenia, foi posteriormente levada às suas últimas consequências com o regime nazista e o holocausto. Em sua essência ? o privilégio acintoso para determinado grupo ?, sobrevive no Brasil atual com o suporte do Direito excludente, exercido no formato adequado a prender e humilhar somente os pobres e proteger os poderosos que cometeram crimes na esfera político-econômica e saquearam os cofres públicos, desviando os seus recursos das suas finalidades sociais, destruindo, assim, a vida de milhões de brasileiros. O fortíssimo e também suspeitíssimo grupo que encabeça essa Operação Abafa, e que age acintosamente contra a maioria da população brasileira e contra as suas instituições democráticas, foi descrito de forma esclarecedora pelo ministro Barroso do STF em recentíssimo evento na Universidade Harvard, quando afirmou que ele conspira contra o combate à criminalidade, a favor das impunidades, e está incrustado em todos os setores da estrutura de poder nacional ?até em lugares inimagináveis?, ou seja: no Supremo Tribunal Federal, conforme tem ficado a cada dia mais evidenciado para todos. Esse grupo opera uma vergonhosa e revoltante Operação Abafa, que visa inviabilizar as ações saneadoras da Justiça, promovidas pelos magistrados Sérgio Moro, Wolinsney, Bretas e outros, e que conta com o apoio majoritário e crescente da população brasileira. Esse grupo delituoso é suprapartidário e objetivamente busca proteger criminosos do colarinho-branco que se veem ameaçados pelas ações republicanas da Lava Jato. Ele utiliza bancas de advogados muito poderosas e consegue procrastinar os processos de seus clientes eternamente (refletida também em outros processos, como os relatos atuais da Igreja Católica sobre o extermínio de agricultores por fazendeiros do Pará que permanecem impunes há décadas); é desprovido de responsabilidade mínima com a coisa pública, promovendo esse formato de Justiça brasileira na qual só os pobres são condenados e presos. Essa é uma jabuticaba inspirada na mesma eugenia que já foi superada até na África, e que teima em persistir no Brasil atual na forma de ?condenação só em última instância?, ou seja, nunca! E foro privilegiado, sempre! Não existe mais sangue brasileiro para esse grupo insaciável, tão poderoso quanto criminoso sugar! Cadeia para ele é indispensável como uma ação civilizatória e pacificadora da ordem pública.

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