Opinião
Na��o amedrontada

Os brasileiros estão cada vez mais atemorizados com a criminalidade. O problema passou a ser a segunda maior causa das aflições nacionais depois do desemprego. Como se isto já não bastasse, também aumenta a desconfiança da população em relação à polícia. Pesquisa realizada pelo instituto DataFolha nos dias 20 e 21 do mês passado, e cujo resultado foi divulgado no último fim de semana pela Folha de S. Paulo, já mostra a violência como o maior problema no Brasil, na opinião de 21% dos entrevistados, chegando a 27% entre paulistas e 29% entre os paulistanos. E 59% deles manifestando mais medo do que confiança na polícia- o braço armado da polícia que está nas ruas para protegê-los, conforme afirma a própria ?Folha?. Para Benedito Domingos, sociólogo e ex-ouvidor das polícias de São Paulo, isso mostra que esse modelo de segurança chegou ao limite. Já outros, como o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, atribuem o pavor à polícia a um problema de comunicação. A subnotificação dos crimes aparece na matéria da ?Folha? como a face mais visível dessa falta de confiança. Mas, afora esta que é apenas uma das conseqüências da impunidade, devem ser devidamente considerados como causas dessa deplorável realidade o despreparo dos policiais, a questão salarial, as péssimas condições de trabalho e o envolvimento de vários desses agentes públicos com o banditismo. Estes e outros fatores não podem deixar de ser atacados agora quando o Congresso Nacional, com vários grupos de trabalho, concentra seus esforços na apreciação de dezenas de matérias relacionadas à segurança. A Câmara e o Senado receberam, ontem, os primeiros projetos de lei contra a violência selecionados pela Comissão Mista, que acaba de aprovar as novas regras para a punição de crimes de corrupção e peculato. Que outras medidas sejam logo discutidas, aprovadas e colocadas em prática. Como as que visam restringir o porte de armas, tipificar crimes não previstos na legislação penal, endurecer as penas contra crimes hediondos, aumentar a penalidade de criminosos que utilizarem menores nos delitos e garantir ações mais eficazes quanto ao narcotráfico.