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quarta-feira, 25/06/2025 | Ano | Nº 5996
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Opinião

Saco de pancadas

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Oito entre dez professores estão descontentes com a educação. As reclamações são as mesmas: baixo salário, condições precárias de trabalho, falta de incentivo do Estado à carreira, indisciplina crescente do alunado, sobrecarga de trabalho e desprestígio social ao educador. Sejamos francos: se analisarmos bem cada reclamação citada pelos profissionais, ainda que nos cause indignação, veremos que não há nada de novo, não existe problema hoje que já não existisse, por exemplo, na década de 60. Com maior ou menor intensidade, os percalços enfrentados pela educação sempre estiveram presentes. Educar pressupõe uma luta incessante (às vezes injusta) contra as aberrações nascidas na própria sociedade. Quem escolhe essa profissão tem conhecimento disso e sabe, de cor e salteado, que o resultado positivo do processo educacional passa pela estrada dos problemas de ordem política e social. Dois ingredientes desse caldeirão mostram-se novos ou, pelo menos, renovados em seu poder de destruição: primeiro, o total descaso da família com a orientação dos filhos e ? por fim, coroando a tragédia pela qual passamos ? a banalização do processo educacional. Essa ?dobradinha? rebaixa a educação a estágios subterrâneos, também deixa os educadores de cabeça quente porque não encontram saída para tamanho retrocesso educacional. Hoje os pais jogam toda a responsabilidade de educar os filhos nas costas da escola. Os pais pagam à escola para ela dar conhecimento ao filho, deixá-lo consciente de suas responsabilidades na sociedade, avisá-lo de que a família é a coisa mais importante da vida e tentar convencê-lo de que Deus realmente existe. Acham pouco? Os ?responsáveis? pelos seus filhos jogam aos educadores a obrigação de cuidar desses jovens, de aconselhá-los nos mais diversos assuntos (dos físicos aos psicológicos). E o interessante é que, se a escola consegue (por um milagre divino) cumprir essa tarefa com sucesso, logo se diz que é obrigação; se ela não consegue honrar seus compromissos educacionais, rapidamente sobre ela recaem todas as culpas. Para todos os problemas sociais, a escola existe para servir de saco de pancadas. Se a violência cresce, a culpa é da escola; se pagamos mais impostos, a escola tem responsabilidade nisso; se faz frio ou calor, a escola deve ser punida porque se vê irregularidade dela nesse assunto também... O outro ponto sobre o qual cabe reflexão é o fato de que o estudante hoje não ser reprovado, mesmo se não tiver condições (ou conhecimento) para seguir para a série seguinte. Aprova-se de qualquer jeito para que se faça depois pesquisa e se diga que a educação está melhor ?porque o índice de reprovação é ínfimo?. Isso é educar? Essa política para a educação tem lógica? A sociedade deteriora-se à medida que a educação apodrece! Talvez porque sejam elas partes que se integram, se completam e se harmonizam em prol do desenvolvimento da sociedade. Não deve haver educador, em sã consciência, satisfeito com esse quadro.

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