Opinião
País em desalento

De acordo com os dicionários, desalentado é sinônimo de desanimado, sem entusiasmo. Já o IBGE usa esse termo para designar aquelas pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego. De acordo com o instituto, esses trabalhadores sem alento formavam um contingente de 4.6 milhões no primeiro trimestre deste ano, um salto de 195% em quatro anos. O governo Temer tem se esforçado para vender aos brasileiros a ideia de recuperação econômica. Como exemplos deve retomada do crescimento, festeja a queda da inflação e da taxa de juros. Entretanto, quando se trata da questão do emprego vê-se que a situação muda totalmente de figura. De acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE, no Brasil o desemprego subiu para 13,1% no primeiro trimestre deste ano, mantendo a tendência de alta registrada desde o quarto trimestre de 2017, quando ficou em 11,8%. Além disso, o Brasil tem também 3 milhões de pessoas desocupadas e que estão procurando emprego há mais de dois anos. Eles representam 22% do total da população desocupada no primeiro trimestre, que chegou a 13,7 milhões de pessoas. Na comparação com os três primeiros meses de 2017, houve crescimento de 4,8% nesse contingente. A maioria dos desempregados, contudo, procura trabalho há mais de um mês, mas menos de um ano ? 6,384 milhões de pessoas. Por outro lado, o total de pessoas procurando emprego há menos de um mês saltou 14,6% entre o primeiro trimestre de 2017 e os três primeiros meses de 2018. O fato é que o mercado de trabalho brasileiro continua atravessando um momento delicado. O ponto central da divulgação do IBGE neste trimestre foi referente à subutilização da força de trabalho, que chegou a 24,7% no 1º trimestre de 2018, atingindo 27,7 milhões de pessoas. Entre 2017 e 2018, a desocupação caiu, mas não porque houve a geração de mais empregos, mas sim em função do aumento do desalento e do aumento da subutilização. O ambiente econômico coloca muita gente na rua desempregada e desestimula a procura por emprego. Tudo isso põe em xeque a reforma trabalhista em vigor desde novembro, com a promessa de gerar 6 milhões de empregos. Na prática, o que se vê é a queda do número de empregos formais. É uma realidade que a publicidade do governo não consegue esconder.