Opinião
Má educação

Durante audiência pública realizada esta semana pelo Senado, discutiu-se o aumento dos casos de bullying e violência nas escolas. O tema é relevante e oportuno. De tempos em tempos, a violência que acontece dentro da escola aparece em destaque na mídia. Na internet, não é difícil encontrar vídeos de brigas, de bullying, de quebra-quebras, de mutilações e até de assassinatos cometidos dentro das salas de aula e nos pátios das escolas. Em 2015, levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), por meio dos questionários da Prova Brasil, mostrou que 51% dos professores haviam presenciado algum tipo de agressão verbal ou física por parte de alunos contra profissionais da escola. Quase 30 mil declaram terem sofrido ameaças de estudantes. Para especialistas, a violência na escola não é um fenômeno isolado, mas reproduz a violência na sociedade. Na maioria dos casos, o aluno reproduz na sala de aula aquilo que vive em sua própria casa, no convívio com a família, e nas ruas. O que se vê, de modo geral, é uma crescente banalização da má educação, da ausência de limites. Estudo feito pela Universidade Federal de Mato Grosso, em conjunto com outras nove universidades federais, revelou que, entre os fatores relacionados a esse fenômeno, estão álcool, drogas, repetência, discriminação de gênero, discriminação física e de diversidade sexual. O combate a esse problema envolve a criação de políticas públicas de prevenção da violência escolar e diagnóstico dos problemas. Para o Unicef, o fundo das Nações Unidas voltado para a infância, a questão da violência nas escolas deve ser tratada numa ampla perspectiva de garantia de direitos e da qualidade de educação. A violência é uma questão complexa e de múltiplas causas. A miséria, o desemprego, as desigualdades sociais, a falta de oportunidades para os jovens e adultos e a presença insuficiente e inadequada do Estado são fatores que agravam esse fenômeno. De qualquer forma, é preciso que a escola seja um espaço para a difusão de uma cultura de paz, de respeito às diferenças e à diversidade. Isso passa por uma melhor formação dos professores ? não apenas didática, mas também para atuarem como mediadores de conflitos ? e o envolvimento das famílias.