Nossa guerra
Dados do índice nacional de homicídios, levantamento feito pelo portal G1, registram que mais de 11 mil pessoas foram assassinadas nos três primeiros meses deste ano no Brasil. Esse número ainda está subestimado, porque a estatística não comporta os dados
Por | Edição do dia 05/06/2018 - Matéria atualizada em 05/06/2018 às 00h00
Dados do índice nacional de homicídios, levantamento feito pelo portal G1, registram que mais de 11 mil pessoas foram assassinadas nos três primeiros meses deste ano no Brasil. Esse número ainda está subestimado, porque a estatística não comporta os dados de cinco Estados, que não divulgam todos os números. Dois deles não informam os números de nenhum dos três meses. Ressalte-se que Alagoas registrou queda de 27,49% dos casos de homicídios entre janeiro e abril. O número consolidado até agora contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que, juntos, compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais. Foram 3.716 casos apenas em março. Não é de hoje que o Brasil ostenta um número alarmante de assassinatos. Em 2016, foram 61.619 ocorrências, o maior número de homicídios já registrado na história do País. Foram sete mortes violentas a cada hora. Com o crescimento do número de mortes intencionais, a taxa de homicídios no Brasil por 100 mil habitantes ficou em 29,9. O fato é que a violência se espalhou para todos os Estados. Mesmo assim, os gastos com segurança pública caíram em 2017 em relação a 2016. Em média, os Estados reduziram os investimentos nessa área em 2%. A maior redução, porém, foi observada nos gastos do governo federal: 10,3%. O emprego da Força Nacional parece ter se transformado na única estratégia da União, talvez por ter um efeito midiático mais rápido. Até o fim de 2013, o Brasil vivia um momento de estabilização de taxas acerca de mortes violentas intencionais. Mas, a partir de 2014, os números voltaram a crescer. Em 2013, foram 55.847 mil assassinatos. No ano seguinte, saltaram para 59.730 e chegaram a 2016 com 61.619 mortes. Esse quadro sombrio requer uma série de iniciativas conjuntas. É preciso investir nas polícias e no sistema criminal, com valorização dos policiais, tanto em termos salariais quanto na preparação e investimento em inteligência. O cenário para o futuro não parece muito positivo. Caso as políticas de prevenção, de segurança e de outros setores da gestão pública não se tornem prioridade na agenda dos governantes, continuaremos enxugando gelo e mantendo estatísticas que mais se assemelham a países em guerra.