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A f�ria da �guia

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EDUARDO BOMFIM * A cada dia que passa, convenço-me sempre mais sobre a importância do papel do Estado, principalmente em países emergentes como o Brasil. Além das circunstâncias históricas, provenientes do desenvolvimento capitalista no país – que já justificariam esta necessidade –, temos o surgimento de uma estagnação econômica internacional. E ela é decorrente do fracasso da aplicação das estratégias das políticas neoliberais em todo o mundo, como forma de superação de uma crise profunda do sistema, que patina em números pífios de crescimento, impedindo a plena retomada do desenvolvimento; produzindo um genocídio social sem precedentes neste período contemporâneo. Em países como o nosso, com suas imensas riquezas, dimensões continentais, além de um papel geopolítico estratégico extremamente cobiçado, a nação não pode cometer o crime de prescindir de um Estado socialmente democrático, forte, decidido a assegurar os interesses do país e da soberania nacional. Não é por acaso que os EUA buscam impor políticas protecionistas ao seu campo industrial e agrícola, o tratado da ALCA. Querem estender as suas fronteiras através da expansão, do aniquilamento das economias dos povos americanos. Quer dizer, o grande império do norte atua em dois grandes movimentos: a guerra econômica e a “ação militar preventiva”. A ALCA, tal qual querem nos impor, e a invasão do Iraque, objetivando o controle da segunda maior reserva petrolífera conhecida do mundo, são duas faces de uma mesma “diplomacia”. Aliás, diz o historiador Moniz Bandeira, os EUA já não possuem nenhum tipo de relações que possam ser denominadas diplomáticas. Rasgaram a carta das Nações Unidas. Prevalece a lei da força e das armas. De uma forma ou de outra, esta potência hegemônica busca a conquista e consolidação de novos territórios e riquezas. Volto ao tema inicial sobre o Estado brasileiro. Sem a definição de políticas de planejamento estratégicas, patinaremos sem sair do lugar. Torna-se fundamental retomar o desenvolvimento orientado, combatendo os desníveis regionais, promovendo investimentos maciços em áreas que possuem vocações e matéria prima, que possibilitem alavancar novos patamares de crescimento econômico e social. O BNDES, por exemplo, deve passar a ser indutor de estímulos decisivos ao desenvolvimentismo com justiça social. A cultura como sujeito de promoção de uma pedagogia e consciência popular crítica, regional e nacional. Há que se priorizar os cinqüenta milhões de brasileiros miseráveis, excluídos de qualquer projeto nacional porque se encontram à margem, como força trabalhadora de reserva, em conseqüência de uma doutrina que formou ilhotas de prosperidade e um oceano de pessoas praticamente despojadas de alimentos e dignidade humana. A águia, o grande símbolo do império norte-americano, é insaciável. Sabemos da cobiça sobre a nossa Amazônia e a desconfiança em relação ao nosso papel de liderança continental. Liderança que, pela nossa formação e relações internacionais, encerra conteúdo progressista em defesa de uma ordem internacional justa. Como já afirmei anteriormente neste artigo, o Estado brasileiro e os regionais representam a mola mestra em qualquer ramo da atividade, seja no Paraná, Maranhão ou em Alagoas. Não existe nenhum setor de atividade profissional que prescinda do papel do Estado. Criou-se uma falsa tese sobre a essência paternalista deste, objetivando a sua destruição, inserindo o “deus” mercado em seu lugar. Deu no que deu. Porque se o Estado possui traços paternalistas, é no sentido contrário ao que foi propagado. O paternalismo em favor de uma minoria, promovendo a privatização de parte considerável deste, quase sempre em função de objetivos escusos. Em verdade, ele representa a forma que moldou o caráter histórico do desenvolvimento capitalista no Brasil. É nosso traço original. Trata-se de pô-lo em movimento ao lado das maiorias sociais, impulsionar o desenvolvimento planejado e fortalecer a defesa da soberania nacional. Até porque a águia encontra-se mais predadora que nunca. (*) É ADVOGADO

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