Opinião
Rotina interminável

Tudo parece igual, quase igual na rotina da vida. De quando em quando, de maneira brusca ou esperada, alguns episódios vão ficando à margem da estrada, enquanto outros prosseguem lentamente ou às pressas, acompanhando a caravana eterna, onde conhecidos e incógnitos se atropelam, ignorando uns aos outros, quase sempre. Nessa sequência sem fim, sem limites, satisfatória ou cansativa, pejada de incertezas, fazendo paralisações aqui e acolá, todos os dias, em todos os instantes, percorremos as mesmas trilhas, paralelas ou distanciadas umas das outras, certos de que em algum momento chegaremos a um local determinado. Numa perene travessia, passamos por momentos de turbulência, onde os vendavais nos assustam, esvaziando a nossa esperança de sobreviver. Em outros instantes que escoam rapidamente, sentimos o aconchego de uma felicidade brusca que nos conforta e promete a expectativa de uma vida promissora. Cada um vai escolhendo o caminho preferido, o trabalho que lhe satisfaz e pode render-lhe recompensas benéficas, nem sempre através de moedas que se desmancharão um dia! Para mim, escrever sempre representou uma forma de afagar sonhos, reter a felicidade, embrenhar-me na natureza, imaginando a presença do Autor do universo em cada uma das suas criações. Rabisco papéis desde os meus sete anos de idade, utilizando lápis, canetas... até pedaços de carvão já serviram para gravar o que a minha mente ditava, quando os outros recursos estavam indisponíveis, temendo jogar no esquecimento aquelas ideias de adolescente sonhadora. Embora tenha transformado em cinzas cadernos e agendas escritas até os meus dezesseis anos, tento redigir outros e outros que são registrados com o máximo carinho. E prossigo anotando frases, todos os dias, como se a minha mente fosse um rio de correnteza interminável, incapaz de desaguar no próximo oceano ou se esvaziar diante do primeiro empecilho. Esse rio ultrapassa pedras e abrolhos encontrados, segue intocável, gerando água potável ou simplesmente água comum. Sempre procuro gravar algo que beneficie alguém e, principalmente, a minha consciência de cristã. Os meus temas se posicionam em frases que me conduzem ao ápice de momentos felizes, acariciam a minha consciência e me fazem repousar tranquila, quando o mundo se agita, geme e parece sucumbir. Tenho excluído dos meus textos assuntos ligados a determinados itens, como: política, economia, situações drásticas em que o nosso país se encontra e tantos outros que abalam o meu sossego e de algum leitor que me acompanha na minha incansável trajetória. Simplesmente, tento ignorar esses percursos transformados em desprazer, não saberei nunca descrevê-los, não os colocarei jamais nas minhas leituras preferidas, evitando sofrimentos possíveis, constrangimentos, por ser impossível solucioná-los, mesmo imaginando regras capazes de fazê-lo. Prefiro prosseguir utilizando as palavras que falam de Deus, natureza e família. Essas, sim, engrandecem o meu modo de viver, proporcionam bem-estar e me conduzem à plenitude da vida!