Opinião
A crise afetiva

Crise afetiva é um termo que coloquialmente utilizamos para delimitar uma área distinta de nossa psique. Filosoficamente vivemos em crise: dos amores que não vivemos ao futuro inexato que não nos pertence. Na tentativa eterna de ter segurança diante dos segredos do sentimento alheio. Ter dúvidas, pensamento de fracasso, medo de perder, certa dose de ciúmes, carência? Tudo em boa dose faz parte do trato psicológico do ser humano, que, quando reflete, questiona seus rumos. As crises afetivas em grau patológico, por sua vez, são bem mais complexas e destrutivas; potencializam tudo descrito anteriormente, gerando inúmeros problemas psicológicos, psiquiátricos, como a depressão, e evidenciam patologias físicas, como alergias ou gastrite. Os problemas psicológicos e físicos de uma crise afetiva podem comprometer o potencial laborativo, a vontade de crescer, o autocuidado. Quantas pessoas você já não viu se largando, vivenciando revolta, mágoa, passando o resto da vida praguejando contra outra pessoa com quem teve uma história? As crises afetivas são democráticas em nossa existência. Por vezes, não há como evitar que ocorram. Porém, como administramos sua consequência é o que podemos desenvolver. Aprender a entrar e a sair de relacionamentos. Muitas pessoas, após um problema afetivo, abandonam a existência; outros jamais se permitem viver novamente, para não falar dos que cometem os mesmos erros sucessivamente, apenas trocando o nome e o endereço da encrenca escolhida. Nestes anos, em minha prática profissional, o fator que mais impressiona é a capacidade autodestrutiva, o autoboicote presente em algumas pessoas, que persistem em relacionamentos fracassados e destrutivos, que não têm respeito, companheirismo; relacionamentos que são agressão e covardia, competição e raiva. Há quem ame a pancada, sentindo falta quando o xingamento não ocorre. Por outro lado, desânimo, apatia, falta de interesse, ficar fechado demais, parar de sair, parar de se cuidar são alguns componentes presentes nas crises afetivas. Várias pessoas alegam que não têm mais tempo nem disposição para tentar encontrar um relacionamento sadio. Hoje várias crises existentes derivam do egoísmo, no qual compartilhar inexiste e a vida afetiva não permanece em solidão. Falta companheirismo e diálogo, paciência e doação. Reflexão e autoconhecimento são vitais para a construção de uma boa vida afetiva, aprendendo a administrar conflitos e as crises que ocorrem. É necessário aprender a viver as crises inevitáveis sem se destruir, e seguir a jornada...