É roleta-russa

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Não há outra saída, sentiremos o peso da mandíbula de outra fera. Se mais ou menos perigosa, não sabemos. Se tem o veneno mortal da jararaca, só o futuro dirá. O tempo haverá de responder a essa dúvida medonha. É roleta-russa. Uma bala no tambor, puxar o gatilho e pronto. Seja o que Deus quiser. Ele está no comando, é nosso conterrâneo, bondoso e nos livrou de outros flagelos. Basta de maldição! Já carregamos uma cruz pesadíssima por quase duas intermináveis décadas. Eles de novo, não; é tortura. Mentiras, falsidade, demagogia, vigarice, nada se compara. Basta de demônios loteando interesses, mamando nas tetas da corrupção, avalizados pelos seus representados graças ao voto democrático. Até podemos chamar de República Federativa dos Desesperados, que, sem rumo e desesperançada, vai, em bando, elegendo numa nova aventura. O que esperar, afinal? Que abjetos cumpram promessas de ?Logo tomaremos o poder?? Que movimentos organizados avancem tomando à força o pertence alheio com sede de vingança? Não está nada fácil segurar o pedaço da corda que resta para sair dessa agonia. Se as armas de fogo vão chegar a granel para o mercado, as milícias agradecem; nos morros, bandidos não se intimidam com tagarelice ameaçadora; nos presídios, líderes do crime brindarão com champanhe francês. Não será mais necessário contrabandear seu instrumento de trabalho. Para onde pender a balança, existem ameaças. ?Se morrerem trinta mil e inocentes forem juntos, tudo bem, e daí??. Os que aplaudem essas frases insanas estão enfeitiçados tanto quanto os que cultuam sapo barbudo. Esquecem que a violência pode chegar próximo de alguém querido: família, amigos... Violência praticada pelo Estado não separa o joio do trigo. Combater violência com violência é o caminho mais fácil para penalizar inofensivos e aumentar a dor já sofrida. É tanta baixaria no discurso, que Mussolini e Hitler são evocados a todo instante pelas facções oponentes se agredindo entre si. A história mostra que, quando um socialista chama a direita de ?fascista?, segue a tática de Lênin de acusar os outros. É comum aos socialistas achacarem os não socialistas de fascistas. O debate é simplesmente odioso. Reformas, projetos para recuperar a economia, estratégias para geração emprego, nada disso importa. Os adversários só se agridem. Ou melhor, não existe debate, apenas bazófia. Difícil entender quem é pior que o outro. Os atores representam uma grande farsa com chavões de direita e esquerda. Meu olhar para o futuro está mais opaco que a catarata que acabei de extrair com o laser preciso do Dr. Mário Jorge. Como sou viciado em otimismo e inúmeras vezes pequei por confiar demais em quem nunca deveria, continuo fiel à crença de que o ruim de hoje poderá ser melhor amanhã. Tomara! Não percamos a esperança porque em algum momento haveremos de acertar. Defenderei o branco da paz com consciência tranquila neste domingo. Rogo para que o desespero que comove a maioria que arriscará na necessária e urgente mudança seja uma decisão sábia e soberana para a felicidade do meu retumbante País.