Opinião
O professor não ficará no chão do HGE...

No tempo do reitor Fernando Gama da Ufal, chegou a ordem superior: a Universidade não concederá bolsas a quem tiver mais de 45 anos, para fazer pós graduação strictu sensu (Mestrado ou Doutorado). O Reitor insurgiu-se: ?a idade não pode ser limite pra nada?. Michelangelo, foi produtivo até os 90 anos e o Pe. Antônio Vieira, fez a edição corrigida de seus Sermões, anos antes da partida. Gama tinha sido convencido por um acontecimento banal: Um jovem professor em sua gestão anterior, de 28 anos, morreu ao viajar para o Mestrado, num acidente de carro. E o outro professor de 45 anos, continuava produtivo, embora sem poder concluir sua pós com apoio de bolsa, porque idade avançada. No século XXI, esses paradigmas foram ultrapassados e Moacyr Scliar, da Academia Brasileira de Letras, defendeu seu doutoramento aos 69 anos e viveu até os 74. Desanquei-o, porque um velho famoso ainda quis a galhardia. Verão, paguei com a língua. Não há ser tão vilipendiado no Brasil, como o professor. Um professor é o reflexo de tudo que queremos ser. Aqui, em Pindorama, ele é tudo o que não se desejaria ser. Em Alagoas, um professor ganhará menos que o salário mínimo logo após aposentar-se. Para morrer logo, como uma boca inútil. Todos, um dia seremos bocas inúteis(Simone de Beauvoir). Na Finlândia, o maior salário ou dos maiores é do professor, como em Cingapura. No Japão, a única pessoa dispensada de curvar-se ante o Imperador é o professor. Dia desses na Ufal, agora com a aposentadoria compulsória estendida para 75 anos, um sexagenário resolveu avançar pro doutorado. Foi bem recebido pelo Coordenador e jovens alunos da pós. Seguiu-se a reunião inicial, as apresentações e quase todos tinham sido seus ex-alunos e o admiravam. Ele prometeu cingir-se a seu trabalho e não esmagá-los com sua experiência de quase 40 anos de cirurgia e medicina. Seus trabalhos eram citados nas principais universidades do país e fora dele: EUA, China, Coréia, Egito, Europa, Arábia Saudita. Até o Centro Cocharne de Londres tinha incluído seu trabalho em revisão sistemática. Se tivesse sorte e não precisasse de cuidadora, queria viajar às ilhas Marquesas a 6.000 km a leste da Austrália, para cair nos braços de uma nativa, como Gaugin. E garantiria o pagamento do convênio de saúde, evitando o risco de cair no chão do hospital geral do Estado(HGE). Então, um jovem, se apresentou e disse: - Prof. o sr. não ficará no chão do HGE porque arranjarei uma maca, pois a minha vida foi consultar seu livro de cirurgia de urgência-condutas. Não fui seu aluno, mas sua obra me alcançou. Poucas vezes, no Brasil, um professor é glorificado, como Dr Luciano fez com seu Mestre.