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A Semana Santa já não é tão santa

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Os tempos são diferentes. A Sexta-Feira da Paixão já não é vivida com a mesma intensidade de outras épocas, quando os cristãos tinham profundo sentimento de fé e tristeza. Fé na sua crença, tristeza ao relembrar a dor e o sofrimento do Cristo crucificado. Nasci no interior, na metade do século XX, quando pais católicos e evangélicos tradicionais transmitiam para os filhos os ensinamentos da religião praticante, cada qual com seus conceitos e doutrina. A Semana Santa é um período sagrado de reverência à morte e ressurreição do precursor do cristianismo, para os seus seguidores. No simbolismo da igreja, a partir da Quaresma, em todos os templos as imagens de santos eram cobertas com panos roxos, uma espécie de luto porque o foco nos quarenta dias seguintes à Quarta-feira de Cinzas era a cruz. As cerimônias aconteciam com o envolvimento da comunidade em todas as paróquias. Continuam ainda, porém sem o mesmo misticismo de décadas passadas, é claro. Tabus foram quebrados, o Vaticano tem sido bem mais flexível quanto ao entendimento dos seus dogmas nos últimos tempos. O Papa Francisco proporciona uma verdadeira revolução na igreja católica neste século XXI. E os cristãos, como professaram sua fé no dia que relembraram a paixão de Jesus? Os jovens renunciaram por algumas horas os videogames, baladas, celulares, a cervejinha? Segundo os evangelhos, o último suspiro do Cristo ocorreu às quinze horas, daí a tradição em se manter silêncio e em oração durante toda a sexta-feira. No passado, as comunidades paravam todas as atividades com paz e recolhimento. Era assim que a humanidade religiosa manifestava seu respeito. Com exageros também: não tomar banho, não se barbear. As pessoas falavam baixo em casa e só faziam coisas leves. Carne vermelha, nem pensar! Esta é uma tradição que se mantém até os tempos atuais, por entenderem que é uma forma de purificação do corpo. A prática não é aceita pelos evangélicos porque, para eles, não comer qualquer tipo de alimento nesse dia não está na Bíblia. É verdadeiro, sim, que a gente cultiva os ensinamentos que aprendeu com a família. Na Sexta-Feira da Paixão não como carne vermelha, mesmo com a consciência de que nada altera quanto a minha fé cristã. Por que mudar agora, se a crença é a mesma e já se vão mais de oitenta por cento da vida vividos assim? As lembranças de infância da Semana Santa me remetem para uma cidade inteiramente silenciosa. Comércio, bares e botecos fechados. Nas emissoras de rádios, nada de tagarelice de locutores. Os discos em rotação 48, o dia inteiro tocavam marchas fúnebres de Frédéric Chopin, Stravisnki e outros clássicos de Bethoven, Tchaikovsky, reprodução de rádio teatro revivendo o calvário do Cristo. Culminando com a explosão do Aleluia, de Handel, na madrugada do domingo, louvando a ressurreição do Senhor! O Brasil precisa de uma reflexão profunda nesta Páscoa, independentemente das convicções religiosas de cada um, para banir o ódio, o sentimento de vingança, as paixões transloucadas e tanta hipocrisia que estão nos levando para um inferno ideológico chamado esquerda e direita, em detrimento do futuro dessa grande nação.

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