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Senhora dos Prazeres

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A Catedral Metropolitana de Maceió foi inaugurada em 31 de dezembro de 1859, pelo próprio Imperador Dom Pedro II. O templo era até então a matriz da Freguesia de Nossa dos Prazeres, que destronou o padroeiro São Gonçalo do Amarante, antiga devoção carmelitana. A pedra fundamental havia sido lançada no dia 22 de julho de 1840, na presença do presidente da província, Manoel Felizardo de Souza Mello. Em 24 de dezembro, véspera do Natal de 1859, chegou à igreja a imagem da Senhora dos Prazeres, doada pelo Barão de Atalaia. E há 160 anos a Virgem Santíssima abençoa, protege e ampara os maceioenses, que a todo 27 de agosto reúnem-se ao seu redor para carregá-la, triunfante e soberana, pelas ruas do centro da capital. Neste 2019 que transcorre, celebramos o sesquicentenário desse culto de fé e de gratidão. Quando criança, muitas vezes eu vim de Murici com meus pais para assistir a casamentos na Catedral. Impressionava-me a imponência do prédio, as imagens sacras belíssimas em seus nichos, os lustres pendurados, a pintura no teto, o altar-mor ricamente ornamentado. Menino ainda, perdi muito o sono lembrando-me da figura horrenda de Satanás pisoteado por São Miguel Arcanjo, até hoje posta do lado esquerdo de quem entra. O Senhor dos Passos, com o seu olhar profundo e os seus cabelos naturais agitados pela brisa da Praia da Avenida, faziam-me crer estar vendo o próprio Cristo personificado. A Santa Teresinha, linda, trazia-me a lembrança da devoção dos meus avós Apolinário e Otávio. Os anjos barrocos, muitos deles, pareciam-me ser os menininhos inocentes que eu via serem levados por outras crianças para o cemitério da minha terra natal, cobertos de cravos em seus caixõezinhos brancos. O Sagrado Coração de Jesus, tão amado da minha avó Izarele, aconchegava-me em seu olhar terno. E havia também as lápides antiquíssimas de pessoas gradas da sociedade de antanho, as campas onde repousam os restos mortais dos arcebispos metropolitanos, os castiçais, as toalhas de linho, os archotes, os turíbulos, todas essas coisas do sagrado que ainda hoje mexem com as nossos sentimentos piedosos e trazem para junto de nós um pedacinho do céu que almejamos um dia alcançar. Nesta semana o carrilhão de sinos da Catedral está a todo vapor, lançando aos ares badaladas de alegria e de louvor e convidando os fiéis para reverenciar a nossa rainha. Novamente estamos vivenciando a festa da padroeira de Maceió. E mais uma vez entoamos com emoção os versos tocantes do saudoso Cônego Teófanes de Barros: ?Sem vós nossa luta é renhida, somos pobres e humílimos seres; defendei-nos, ó Virgem querida, sustentai-nos, ó Mãe dos Prazeres?.

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