Opinião
Transformações vãs - Editorial

Seria o transformismo social em ação? O posto policial não mais o é, conforme projeto e investimento original, virou bar; a comunidade não mais se chama de Bolão, teria virado Vila Redenção. Uma coisa é certa, pelo menos: tudo que deveria ser sólido, se desmancha no ar. E fica por isso mesmo. Ambas as mudanças anunciam-se como regressões, embora não sejam de vidas passadas, porque, seguramente, nem o ex-posto da PM, nem a povoação em si, tiveram noutros tempos, função ou denominação de agora. Quanto à mudança de nome da comunidade do Bolão, tudo indica ser mais uma invencionice do tipo maquiagem vazia, cambiando Bolão por Redenção a troco de nada. Talvez seja um apelo para redenção do Bolão da seleção brasileira... quem sabe? Infelizmente, é mais uma constatação pelo desrespeito à memória urbana, vício que teima em mutilar Maceió. Tão emblemático quanto a troca de nome, é a permuta de função e propriedade do patrimônio que era público, o PM Box. Maceió ostenta casos de praças públicas candidamente doadas a clubes sociais privados; uma importante avenida, localizada na Jatiúca, foi 50% loteada... e mais exemplos não faltam. Então, segundo esta miopia cidadã, não haveria nada demais em se transmutar um posto policial em bar. Afinal, como disse o assentado, o lote estava improdutivo, abandonado pelos verdadeiros donos (o Estado e a PM) e de nada servia, a não ser como ponto de drogados. É... por esse ângulo, segundo o mesmo defeito visual-cidadão, a coisa faz algum sentido. Não faz nenhum sentido porém, para uma acurada visão cidadã, a perda de quaisquer bens públicos, especialmente quando a função original do patrimônio segue sendo de primeira necessidade para a comunidade. Ou, caso único em Maceió, o ex-Bolão redimiu-se totalmente de seus problemas de segurança pública?