Tolerância perigosa - Editorial

Mais uma vez, a vida reafirma a propriedade da máxima popular no dito antes prevenir que remediar. Vários conflitos sociais têm crescido desproporcionadamente graças à falta de prevenção. Este, por exemplo, é o caso das recorrentes crises envolvendo os chamados transportadores autônomos. Na segunda-feira, integrantes dessa categoria foram responsáveis por mais um protesto que prejudicou a população, quando foi violentamente interrompido o trânsito na AL -101 Norte, cuja pista foi bloqueada e danificada com o uso de fogo. E essa contradição tende a aumentar, pois em função da excessiva tolerância das autoridades, tempos atrás, para com as irregularidades dos ditos transportadores autônomos, cresceu muito além da conta o número de pessoas envolvidas, ao arrepio da lei, com este tipo de atividade. Tardiamente, as autoridades buscam intervir para aplicar a legislação e aí explode o conflito. Explode o conflito porque não é mais possível, pacificamente, aplicar a legislação vigente, e por uma simples razão, as normas legais foram menosprezadas por quem, na hora adequada, deveria ter cumprido sua função de fiscalizador e normatizador. Depois da permissividade estabelecida, do erro tolerado ter se expandido, fica muito mais difícil retroagir para o ponto certo. E como também transformou-se em praxe tolerar protestos agressivos contra a população indefesa, esses erros de tolerância sobrepõem-se em prejuízo da cidadania. O caso de mais esse protesto na AL-101 Norte é apenas mais um exemplo de um caminho errado que está sendo seguido. O transporte de passageiros precisa obedecer a normas de segurança e isso não pode ser negligenciado em função de falsas soluções para a economia popular. E a onda de protestos contra o povo tem de ser contida, antes de causarem desastres irreversíveis.