Opinião
Zona do desperdício

Entre os sucessivos fatos graves que comprometem o governo de Alagoas, o desfecho da reforma e ampliação do Hemocentro Regional de Arapiraca é duplamente lamentável. Primeiro, porque é mais um caso na área da Saúde a expor o modo tartaruga de caminhar da gestão, pois a obra foi iniciada em 2016; e, segundo, pelo fato de resolver abandoná-la após ter investido nela mais de R$ 600 mil.
É obra inacabada e dinheiro público jogado na lata do lixo. Assim, o governador Renan Filho revela que nenhuma lição tirou da pesquisa da Folha de S. Paulo que classificou o seu governo como o mais ineficiente do Brasil em gastos com a Educação. Ao jogar fora recursos dos alagoanos, persiste em ficar na zona do desperdício e da falta de planejamento - coisa da velha política.
Ao revelar o absurdo de um Hemocentro sendo reformado e ampliado em lugar inviável, o jornalismo da Gazeta presta mais um serviço à sociedade. A gravidade do fato certamente não passará impune, porque o Ministério Público Estadual resolveu entrar no caso. O procurador-geral Alfredo Gaspar decidiu encaminhar o material noticiado às promotorias da Fazenda Pública, a fim de que seja iniciada a investigação.
A movimentação do MPE em torno do caso do Hemocentro provavelmente descortinará o caminho para outras incursões investigativas. É o caso da maioria dos Centros Integrados de Segurança Pública, cujas edificações custaram entre R$ 2 milhões e R$ 8 milhões. A maioria dos CISPs apresenta estrutura danificada em tão pouco tempo, motivando suspeição.
É preciso ir a fundo e punir o mau gestor, porque, na vida real, crime contra o erário não se apaga, como se faz com uma simples postagem de Instagram.