Opinião
Artigo para Gazeta de Alagoas: Sobre petróleo e guerra

No dia14 de setembro de 2019, a Arábia Saudita sofreu um grande ataque em seu território, alegadamente por rebeldes houthis, que reivindicaram a autoria do ataque e que recebem apoio do Irã. Segundo informações do The Washington Post, as armas utilizadas contra os meios de produção petrolíferos da Arábia Saudita, seriam de origem iraniana e os ataques não teriam partido do Iêmen, como informaram os sauditas. The Washington Post, informou ainda, que as autoridades dos EUA e da Arábia Saudita não apresentaram publicamente evidências do envolvimento do Irã nos ataques.
Este evento remete às alegadas armas de destruição em massa, jamais encontradas, como falsa justificativa para a invasão do Iraque em 2003, ordenada pelo então presidente americano George W. Bush. Após os recentes atentados contra a infraestrutura saudita, o preço do petróleo disparou na bolsa, devido a diminuição da sua capacidade produtiva, que caiu pela metade no país árabe. Os temores de uma escalada militar no conflito entre Irã e Estados Unidos atenuaram-se. O secretário americano de Energia, Rick Perry, disse que o “mercado tem uma quantidade bastante considerável de petróleo disponível”, afirmando ser “prematuro” recorrer às reservas estratégicas dos EUA. O Presidente Trump autorizou o uso de petróleo das reservas estratégicas, afirmando estar preparado para responder a este ataque. Segundo Mark Mobius, fundador da Mobius Capital Partners LLP, o Brasil pode se beneficiar com o ataque às instalações sauditas: “acho que as pessoas estão começando a pensar bem, que deveríamos olhar para o Brasil, por exemplo, para sua oferta de petróleo, o México e outros países em termos de onde o petróleo pode vir”. Segundo a XP Investimentos, “caso a situação não se normalize rapidamente, esse evento aumentará as chances de um cenário de maior desaceleração de crescimento com riscos inflacionários tanto para o Brasil quanto para o mundo”. Analisando os fatos geopolíticos e econômicos recentes, o Irã está enfrentando, além das já conhecidas sanções americanas pelos Estados Unidos e Arábia Saudita, uma acusação, ainda sem evidências, de sua participação nos ataques à infraestrutura saudita de produção de petróleo, repetindo estratégia que justificou a guerra do Iraque em 2003. Além disso, os americanos ameaçam a soberania do Irã, afirmando estarem prontos para responder a este país pelos ataques contra a governo Árabe. Os Estados Unidos violam o direito internacional, ameacando a soberania iraniana , para manter sua hegemonia global internacional, oferecendo suas reservas estratégicas para conter o aumento do preço do barril do petróleo. Curioso, os americanos venderem suas reservas em um momento em que a tendência é de alta do petróleo. Eles alegam que pretendem controlar o mercado petrolífero, segurando o preço desta commodity e se beneficiando ao mesmo tempo em que vendem suas reservas, para readquiri-las com a estabilização do mercado. Para o Brasil, resta apenas o papel periférico do governo Bolsonaro como coadjuvante do Governo Donald Trump.