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Nº 5810
Opinião

Nobres reflex�es

PASCHOAL SAVASTANO * “Não levo ninguém a sério, o bastante para chegar a odiá-lo”, a frase lapidar do escritor Paulo Francis, registrada pelos seus contemporâneos, memoriza seu espírito inteligente e pretensioso. Referência de sua alma jornalística, de r

Por | Edição do dia 16/03/2002 - Matéria atualizada em 16/03/2002 às 00h00

PASCHOAL SAVASTANO * “Não levo ninguém a sério, o bastante para chegar a odiá-lo”, a frase lapidar do escritor Paulo Francis, registrada pelos seus contemporâneos, memoriza seu espírito inteligente e pretensioso. Referência de sua alma jornalística, de reconhecida atuação além- fronteiras. O referido pensamento revelou uma lição de vida. Ao estabelecer distância com os questionáveis comportamentos humanos. Uma maneira de não emprestar valor às condutas menores, alheias aos interesses dignos de importância e respeito. O célebre pensador francês Voltaire, famoso pelos seus ensaios, abordou de forma irônica as amar-gas relações, ao dizer – como é duro odiar os que se gostaria de amar. As desavenças e desencontros sentimentais transformam laços de simpatia e afetos em ardorosos ressentimentos. As pessoas de manifestas virtudes sofrem injustificadas hostilidades. Geralmente dirigidas por pessoas de índole discutível e menos favorecidas pelos deuses. O ódio, lembrava Byron, seria o mais longo dos prazeres. Daí, a sua cega legião de seguidores. O desenvolvimento cultural e os avanços da civilização procuram aperfeiçoar os sentimentos humanos. As conquistas da modernidade multiplicam oportunidades e podem proporcionar resultados para os que trabalham com objetivos sadios e se organizam com ideais de seriedade. A marcha do homem diante da história se move por uma tendência secular. Para a humanização do poder afirmam os pensadores políticos. Para a consciência da liberdade dizem os humanistas. Para o triunfo da fraternidade apregoam os homens de fé, apesar das nuvens sombrias das guerras. Na conhecida visão machadiana existe no amor um germe de ódio, capaz de se desenvolver após o período dos encantos iniciais. Os costumes e as rotinas materializam reações contraditórias. A natureza humana luta para não se deixar abater pelo lado ingrato das paixões. Nenhum julgador oferece razão aos que odeiam. Somente a paz engrandece as conquistas. A compreensão descobre alegrias e despreza ações inúteis. As pessoas precisam cultivar os gestos que convencem ao coração e reacendem os ideais das nobres causas. (*) É ADVOGADO-OAB/AL

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