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terça-feira, 08/07/2025 | Ano | Nº 6005
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Óleo da estupidez

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Um estranho e emblemático filme, que é uma mistura de ficção e documentário, nos remete ao imbróglio formado a partir do vazamento de óleo na praias nordestinas, que tiveram início em junho passado e que têm assumido uma proporção catastrófica, com grandes possibilidades de vir a se tornar um dos maiores desastres ambientais da nossa história. O filme “A Era da Estupidez”, da diretora britânica Franny Armstrong, de 2009, estreado pelo ator e não menos estranho Pite Postlethwait, conta a história do “arquivista”, personagem de um solitário pseudo sobrevivente de um holocausto provocado pelo aquecimento global, que procura entender o que teria provocado o fim da humanidade. A um determinado momento do filme ele se pergunta: “porque não nos salvamos a nós mesmos, quando tivemos a chance?”

Esta é a grande pergunta do filme, que podemos encaixá-la como uma luva, diante do cenário de destruição do oceano em toda região nordeste, que vem sendo registrada desde junho passado. A grande tragédia, com o surgimento de milhares de manchas de óleo em grandes extensões da costa marítima, vai revelando aos poucos esta enorme catástrofe, que vai além da calamidade oceânica, atingindo proporções de um flagelo humanitário. O que mais tem chocado a comunidade ambientalista brasileira e mundial, entretanto, é o total descaso e ideologização, por parte do governo federal, em relação a este grave problema, cujo o próprio presidente da república acusa de ser fruto de um ato de terrorismo de Estado praticado pela Venezuela, um importante parceiros comercial do Brasil, sem uma única prova, minimamente concreta, que respalde esta grave acusação. Este governo, que tanto fala de viés ideológico em relação a tudo e a todos, nos assuntos políticos, econômicos, sociais, científicos, religiosos, culturais e agora também ecológicos, tem uma postura que ultrapassa a fronteira da irresponsabilidade, adentrando no campo da mais pura e absurda irracionalidade especulativa. Chegamos a conclusão, com este episódio, que o ministério do meio ambiente não passa de um penduricalho na esplanada ministerial em Brasília. Após meses do fato consumado e do surgimento de barris de petróleo com a logomarca da conhecida petrolífera multinacional anglo-holandesa Shell, o governo Bolsonaro ainda não tomou nenhuma medida concreta para enfrentar o problema e cobrar responsabilidades. Este cataclismo não se limita apenas a poluição do mar e das praias ou da morte de inúmeros peixes, aves e crustáceos, ele afeta toda a cadeia alimentar marítima, que fatalmente chegará a mesa de milhões de brasileiras e brasileiros nos próximos meses. A diluição de produtos de alto teores tóxicos, por intermédio das correntes marítimas, ajudará a espalhar estes produtos que são derivados do petróleo, por todo litoral nacional, e poderá se transformar em um grave problema de saúde pública de uma imensa dimensão. Os números e estudos realizados por especialistas, apontam para uma grande letalidade, a médio e longo prazo, de milhares de pessoas, tanto pela contaminação direta, a exemplo do banho de mar, como também pelo contágio e transmissão indireta, pelo consumo de gêneros alimentícios oferecidos pela indústria de pescado, do sal, dentre outras possibilidades. A estupidez parece não ter mesmo limites!

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